A prosperidade chegou rapidamente para as empresas de factoring. Oito anos após o surgimento no País da primeira companhia de compra antecipada de cheques e duplicatas, o setor já movimenta quase tanto dinheiro quanto a poderosa indústria automobilística. Vão passar pelo caixa das factorings R$ 25 bilhões este ano, contra R$ 25,6 bilhões de faturamento de todas as montadoras em 1999. O volume de negócios das empresas do setor cresceu nada menos que 615% nos últimos sete anos graças a uma massa de micro e pequenos empresários, que, virtualmente excluídos do setor bancário, recorrem às factorings em busca do crédito negado pelos bancos. É uma clientela vasta: são cerca de 5 milhões de empresários de pequeno porte no País.
O negócio não pára de atrair novos empresários e, com isso, o número de filiados à Associação Nacional de Factoring (Anfac) quadruplicou desde seu primeiro ano de vida. Hoje já são 720 empresas. O crescimento rápido e a fiscalização frouxa da Receita Federal levaram espertinhos a enxergar uma oportunidade de lavagem de dinheiro. Para separar o joio do trigo, a Anfac criou uma espécie de selo de qualidade para identificar as empresas sérias. São autênticas máquinas de fazer dinheiro. Aproximadamente 70% da receita vem da compra de cheques. Na hora de comprar duplicatas, o desconto é, em média, de 4% ao mês, e ainda há uma comissão de 1% sobre o valor do cheque ou da duplicata, a título de serviços prestados. É caro, se comparado com as taxas de desconto de duplicata em banco, de 3%, ou de capital de giro, na faixa de 3,5%.

Risco baixo. O maior risco para as factorings é o da inadimplência, que, na média, pode chegar a 4% do valor total da carteira. ?Somos uma alternativa de crédito rápido e descomplicado?, diz Luiz Lemos Leite, presidente da Anfac. Os microempresários concordam. Osvaldo Gomes, dono de uma empresa de projetos de cozinhas industriais, a Facs, deu com a cara na porta quando foi buscar crédito em seu banco. ?Eu era cliente havia mais de dez anos e ainda assim me recusaram um empréstimo?, protesta. A tentativa seguinte, em uma empresa de factoring, foi um sucesso imediato. O empresário vendeu com desconto duplicatas que venciam 30 dias mais tarde e conseguiu antecipar a entrada da receita. ?Recebi o dinheiro na hora.? Gomes hoje é cliente assíduo: antecipa 40% do seu faturamento com as factorings.