Até fazer sua primeira batelada de hidromel, o engenheiro eletrônico Philipe Mandaji, 30 anos, jamais havia trabalhado com bebidas. Seu hobby era cultura medieval. E foi em um festival sobre o tema que ele provou a bebida capaz de mudar sua profissão e estilo de vida. “Eu não tinha referência para saber se aquele hidromel estava bem feito, mas não gostei do que bebi”, afirmou Mandaji. Ao invés de descartar a bebida passou a pesquisar a literatura disponível. Descobriu não apenas que a origem é bem anterior ao que supunha (havia hidromel na antiguidade grega e na China), como uma indústria em ascensão global. Só em 2018, nos EUA, a cada três dias surgiu um novo fabricante. Antes de abrir a sua empresa, Mandaji fez várias viagens para a França. Teve contato com produtores e experimentou diversas receitas até trocar a vida de engenheiro pela de empresário. Nascia assim a Philip Mead, que hoje emprega seus pais, um irmão e a esposa.

A produção é “cigana”, nome usado por cervejeiros artesanais que aproveitam a capacidade ociosa de grandes fabricantes para elaborar suas receitas em menor escala. Na Imperatriz, cervejaria de Sorocaba (SP), o paulista nascido em Hortolândia transforma mel em uma bebida de sabor agradável, com 14% de álcool, que pode ser servida tanto como aperitivo quanto digestivo, como licor ou vinho de sobremesa. São três rótulos: Traditional (R$ 64,90, a garrafa de 500 ml), Oak Aged e Red Fruits (ambos a R$ 69,90). A produção, de 6 mil litros por mês, é parte da diluição de 2,5 toneladas de mel. O líquido resultante é aquecido e recebe uma levedura importada da Bélgica, que aporta notas cítricas.

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Embora Oak Aged sugira envelhecimento em carvalho, a bebida não passa por barricas. Lascas da madeira, de origem francesa e americana, são colocadas nos tanques durante a fermentação. Para a Red Fruits, que na boca lembra uma bala de cereja, Mandaji acrescenta 20 kg de morangos, mirtillos e outras frutas vermelhas, além de flor de hibisco, tudo desidratado.

CLUBE O interesse pelo hidromel no Brasil é recente, mas já existe até um clube de assinaturas para fãs da bebida. É o Melidratos, administrado pelo marketplace O Dente Azul, cujos donos também fabricam os rótulos da linha Etéreo. Os preços vão de R$ 129,90 a R$ 194,90 por mês.