Suíço de nascimento e carioca por opção, o empresário Luiz Calainho, 31 anos, sempre gostou de circular pela noite da Cidade Maravilhosa. Tornou-se presença constante em bares e boates da moda, peças de teatro e sessões de cinema dos bairros sofisticados da zona sul carioca. Tanto que resolveu transformar o “hobby” em um negócio. Em 2012, sua L21, holding que reúne 11 empresas da área de entretenimento e comunicação, como a rádio Mix Rio, o selo musical Musickeria e o site Virgula, gerou receitas de R$ 120 milhões. O empresário conseguiu isso graças a uma estratégia que mistura senso de oportunidade e, principalmente, capacidade de fazer parcerias. 

 

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No palco: um terço do faturamento de Calainho é obtido com musicais

 

A lista inclui ícones da noite, como o empresário Ricardo Amaral, fundador da lendária boate Hippopotamus, em Ipanema, além de empresas do porte de Bradesco, Petrobras, Ambev e TIM. Boa parte das tacadas de Calainho é ancorada nas leis de incentivos à cultura. Uma vitrine natural para companhias que pretendem lustrar a imagem e ligar suas marcas a eventos de grande repercussão. “Arte e cultura formam um negócio espetacular, com o perdão do trocadilho”, diz o empresário. Uma das iniciativas que melhor exemplificam sua capacidade como promotor é a ArtRio, feira de artes plásticas realizada no Píer Mauá, na zona portuária do Rio de Janeiro. Calainho decidiu entrar no projeto após entrevistar a artista plástica Brenda Valansi e a galerista Elisangela Valadares em seu programa na rádio Paradiso. 

 

“Percebi que era possível transformar a feira em um negócio ainda maior.” Para colocar o plano em ação, ele foi atrás do Bradesco e se associou ao empresário Alexandre Accioly, seu parceiro em outros empreendimentos. Desde sua primeira edição, em 2011, a feira vem aumentando de tamanho em cerca de 50%, seja quanto ao investimento, à área ocupada ou ao público participante. No ano passado, foram R$ 9,5 milhões e 17 mil metros quadrados e 74 mil visitantes, respectivamente. Gente disposta a ver e comprar as peças exibidas por mais de uma centena de galerias daqui e do Exterior. “São eventos de grande exposição na mídia e, por isso, as empresas sempre estão dispostas a investir”, afirma a professora do MBA em gestão estratégica de eventos da Universidade Anhembi Morumbi, Shirlei Salazar.

 

Para tornar suas promoções ainda mais atrativas, Calainho desenvolveu um modelo de negócios baseado em uma plataforma multimídia. Um bom exemplo é a ArtRio. Mesmo antes da sua realização, a equipe do empresário faz a divulgação da feira na internet, por meio de webradio, promove palestras, concursos e sorteios de prêmios, além de gravar “chamadas de notícias” para as rádios ligadas ao evento. A abrangência de seus projetos, aliada à capacidade de entregar resultados, vem garantindo associações duradouras com os patrocinadores. O Projeto Sambabook, que homenageia grandes compositores, como João Nogueira, deu origem a uma série de produtos. 

 

Desde aplicativos para telefone celular, DVD e partituras até um CD-biografia, destinados a brindar a memória do sambista carioca. No total, foram vendidos 100 mil itens. O resultado animou a Petrobras e o banco Itaú a bancarem a segunda edição com o compositor Martinho da Vila. “Calainho combina uma coisa e entrega sempre algo a mais”, afirma Sérgio Bandeira de Mello, gerente de patrocínio da Petrobras. “O que estamos procurando para a marca do banco não é apenas um simples patrocínio, mas um evento que possa deixar um legado”, diz Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural. Entre os negócios tocados pela L21, outro que tem obtido sucesso é a Aventura Entretenimento. A empresa é responsável pela montagem de musicais de grande sucesso no País, como A Noviça Rebelde e Hair. 

 

A divisão colaborou com R$ 37 milhões para as receitas de 2012, o equivalente a um terço do total. O boom dos musicais fez com que seus olhos se voltassem para histórias e personagens brasileiros. O primeiro da série foi a superprodução Rock in Rio, O Musical, que estreou em novembro e consumiu R$ 12 milhões, o maior do gênero sobre um tema local. Para dar conta de tantas tarefas, Calainho se associou a especialistas em cada área. “Para crescer no show business é preciso gestão de alto nível”, diz. No total, são 32 parceiros que o ajudam a tocar os negócios, imprimindo um estilo que o empresário começou a aprender quando atuou como gerente de produto da Brahma, adquirida, em 1989, pelo banco Garantia, do trio Jorge Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles.

 

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