Por Marcelo Rochabrun

LIMA (Reuters) – Pedro Francke, economista de esquerda que agora é porta-voz econômico do candidato à Presidência do Peru Pedro Castillo, disse à Reuters nesta quarta-feira que se o líder socialista for o vencedor, será mantida uma economia de mercado.

“A ideia básica é que uma economia de mercado será mantida, não é uma ideia de intervenção massiva do Estado na economia”, afirmou Francke em entrevista por telefone.

Castillo mantinha nesta quarta-feira uma pequena, mas estável vantagem na contagem de votos do segundo turno contra a candidata de direita Keiko Fujimori.

O professor de ensino fundamental de esquerda tinha uma vantagem de 70.000 votos após apuração de 98% das cédulas. Há cerca de 300.000 em disputa, o que pode influenciar o resultado da eleição nos próximos dias.

Francke disse que um governo de Castillo priorizaria o aumento de impostos sobre a mineração e lutaria contra a evasão fiscal de empresas para financiar maiores gastos com saúde e educação.

“Modificar a tributação da mineração para obter uma parcela maior da receita”, disse Francke.

O Peru é o segundo maior produtor de cobre do mundo, atrás apenas do Chile, cujo Congresso está avaliando uma proposta da oposição de aumentar os impostos para 75% sobre as mineradoras, sob certas condições. Francke disse que uma eventual administração de Castillo não proporia necessariamente um tributo tão alto.

A nomeação de Francke parece ser uma forma de apaziguar os mercados com um assessor moderado, mas de esquerda, que pode falar com os investidores de Wall Street. Francke é ex-diretor da agência peruana de previdência social Essalud e professor de economia da Pontifícia Universidade Católica.

O próprio Francke disse que se tornou conselheiro econômico há menos de um mês e alguns questionam se ele permanecerá por muito tempo. Ele reconheceu que ainda não recrutou outros nomes de prestígio para a equipe econômica de Castillo.

Desde que Francke aderiu à campanha, Castillo tem dito oficialmente que respeitará a autonomia do Banco Central do Peru e que seu plano econômico não considera desapropriações ou “confiscos de poupança”.

tagreuters.com2021binary_LYNXNPEH581DL-BASEIMAGE