Jorge Paulo Lemann é um dos grandes nomes da história do capitalismo brasileiro. O fundo 3G Capital, do qual ele é um dos sócios, é dono da AB InBev, a maior cervejaria do mundo, entre outros negócios globais de grande porte. Recentemente, ele deu mentoria a um grupo de empreendedores na Endeavor, fundação da qual sou conselheiro. No bate-papo, fez recomendações valiosas a todos os empreendedores, do iniciante ao veterano.

Uma delas é especialmente importante em função do atual momento do Brasil. Lemann diz que situações difíceis na economia não devem desanimar os empresários. “O mercado e os empreendedores brasileiros são bons. Então é melhor olhar para frente, ver como aproveitar qualquer dificuldade e o que é possível fazer a mais.”

O Jornal do Empreendedor compilou as principais ideias de Lemann na conversa na Endeavor, o que me inspirou a escrever este post. Confira.

1. Não se desespere com a crise
Um dos mais experientes e vitoriosos empreendedores do Brasil, Lemann já viu e atravessou inúmeras crises da economia brasileira. É do alto dessa experiência que ele afirma que o País pode não estar num bom momento, mas também está longe de viver um período tão ruim assim. “O mercado e os empreendedores brasileiros são bons. Então é melhor olhar para frente, ver como aproveitar qualquer dificuldade e o que é possível fazer a mais.”

2. Ao buscar investimento, não olhe só para o dinheiro
O empreendedor que busca um sócio-investidor precisa avaliar se o private equity quer apenas colocar dinheiro ou se vai acrescentar algo a mais – uma competência específica, por exemplo. Para Lemann, a segunda opção é a melhor – e eu também concordo com isso. “Gosto de sócio que trabalha e contribui”, diz Lemann. “E o empreendedor não deve olhar só para o dinheiro. Entenda que valor o sócio poderá agregar ao negócio.”

3. Equilibre os lados pessoal e profissional 
Lemann diz ser uma pessoa muito organizada e disciplinada. Isso permitiu a ele, ao longo dos anos, praticar esportes todos os dias e acompanhar de perto o crescimento dos filhos. “Um certo equilíbrio é importante”, afirma. Segredo? “Talvez seja ter uma mistura de disciplina e regras com base no que se quer fazer (e pessoas são diferentes, então tem de fazer regras que façam sentido para você) e equipes que possam transformar uma empresa.”

4. Venda seu sonho grande
Lemann afirmou que sempre vendeu o sonho muito maior que o tamanho da empresa, fazendo a ressalva de que se for algo que não chega perto da realidade a equipe não acredita. “Se você vende um sonho que é difícil, mas atingível, melhor. Assim, você vai aumentando de sonho em sonho, engajando todo mundo, conforme a empresa cresce. Nós gostamos de metas anuais ‘esticadas’. Tem de ser esticada, mas não impossível.”

5. Formar gente boa é o melhor negócio 
Uma empresa de verdade não se faz sem um bom material humano. Parece óbvio – e é –, mas esse quesito costuma não receber a devida importância em muitas companhias. Veja o que Lemann diz sobre isto: “Na época do banco, eu entrevistava mil pessoas por ano e as acompanhava. Hoje em dia, na AmBev, há 150 mil pessoas. Até quando vai para a China  o conselho toma café com os trainees de lá”, afirmou. “Gente é algo em que o dono tem de estar envolvido.”