20/11/2002 - 8:00
Mãos ao bolso! Está fazendo 40 anos que ele tem licença para matar ? e para vender. Carros Jaguar, relógios Omega, cosméticos Revlon, cervejas Heineken, barbeadores Phillips, passagens British Airways, tudo isso e ainda mais cabe no pacote de patrocínios, merchandisings e promoções que embrulha Um Novo Dia para Morrer. É o vigésimo filme do espião 007, exatas quatro décadas depois de Sean Connory ter-se apresentado ao mundo como ?Bond, James Bond?. A versão deste ano, com Pierce Brosnan, desde já detém o título de maior fenômeno de promoção comercial da história do cinema. As principais cotas de patrocínio custaram, cada uma, US$ 50 milhões. Linhas inteiras de produtos especialmente desenvolvidos para receberem o aval do agente secreto mais notório de Sua Majestade começam a pousar nas prateleiras das lojas de todo o mundo. A expectativa é de decolagem imediata para a vida real dos consumidores. Um show de marketing que está apenas começando. Em alto estilo, a rainha Elizabeth II receberá no Palácio de Buckingham, em Londres, na segunda-feira 18, um refinado grupo para a premiére mundial. Pouco mais tarde, na quinta 21, cerca de 6 mil salas na Inglaterra e nos Estados Unidos iniciam o processo de exibição em massa da fita. No Brasil, 350 telas mostrarão a partir de 10 de janeiro as aventuras do agente pela Coréia, Hawaí e Islândia.
Mesmo que a versão 2002 de 007 só chegue por aqui em 2003, os produtos que ele vende já estão à disposição. ?James Bond é o nosso melhor vendedor no Brasil?, garante Renato Rabbat, diretor no País da marca Omega. Uma cota de 50 unidades da série limitada a numerados 10.007 relógios Seamaster Professional 300 M 007 coube à seção brasileira da companhia. Quinze dias atrás, assim que os aparelhos chegaram, todos foram comprados imediatamente pelas lojas que distribuem a marca. Cada um vai custar ao consumidor final R$ 7,6 mil. ?Quando Bond usou Omega em seu último filme, sentimos impacto de vendas até seis meses depois de o filme ter saído de cartaz?, lembra Rabbat. Ele se refere a O Mundo Não é o Bastante, cuja bilheteria mundial foi de US$ 1 bilhão. Até quatro filmes atrás, Bond usava Rolex. Segundo fontes do mercado, a troca pelos Omega se deu ao custo de US$ 25 milhões. Os executivos da companhia não confirmam. Lembram, porém, que outra marca do mesmo grupo, a Swatch, está lançando uma edição comemorativa de 20 relógios, um para cada episódio dos últimos 40 anos. Custarão entre US$ 40 e US$ 150.
As Bond girls igualmente são excelentes mercadoras. É no que a Revlon acredita. A morena vencedora do Oscar de melhor atriz, Halle Berry, e a loira Rosamund Pike se alternam na escolta ao espião – e a gigante mundial dos cosméticos criou em torno das personagens delas, Jinx e Miranda Frost, respectivamente, duas linhas de produtos exclusivos. Batons, esmaltes, sombras e blushs em 19 cores quentes, com base no rosa e no violeta, para a primeira, e outras 15 cores mais discretas para a associação com a segunda personagem integram a Revlon James Bond 007 Color Collection. ?Tudo o que recebemos já foi vendido às nossas distribuidoras?, afirma Isolete Conde, gerente do grupo de cosmésticos da Revlon. Com o suporte do filme, a coleção já sai da fábrica com 40% a mais de pedidos em relação às linhas que não têm a assinatura da criação de Ian Fleming. Berry, a atriz que irá parecer adversária de Bond até proporcionar uma das muitas reviravoltas anunciadas, já era contratada como modelo mundial da Revlon. Ao ganhar o principal papel feminino, levou a companhia a comprar diretamente uma cota de patrocínio de US$ 50 milhões. Em tempo: Madonna faz uma ponta na trama, centrada na captura do vilão que possui uma arma de alta tecnologia.
Produzido pela MGM e distribuído pela Fox, Um Novo Dia para Morrer admitiu negócios diferenciados em torno de si mesmo. A Ford, por exemplo, desbancou a alemã BMW das últimas fitas por US$ 125 milhões. Todos os carros que aparecem no filme atual são do grupo. Bond circula de Aston Martin V12, o inimigo Zao tem um Jaguar XKR, os utilitários são Range Rovers e a gata Jinx pilota um Thunderbird. Setecentos dos modelos usados pela heroína poderão ser comprados nos EUA, a partir de janeiro, por US$ 43 mil cada um. A Philips usa o filme para lançar o barbeador Sensotec, manobrado ao espelho por 007. Ele beberá vodka Finlândia, correrá a neve num Ski-Doo e voará pela British. Não se sabe se tomará uma Heineken, mas a cervejaria tem contrato para fazer promoções como dar ingressos a vencedores de concursos. Malas Samsonite, filmes Kodak, eletrônicos Sony, cartões Visa, champanhe Bollinger e até a MTV compraram direitos para tirar suas lasquinhas do previsível sucesso. O que falta? Você assistir ao filme e comprar nem que seja um saquinho de pipocas.
