Após a queda do muro de Berlim, em 1989, por mais de uma década o mundo pareceu fadado ao domínio de apenas uma superpotência: os Estados Unidos. Mas a dissolução do bloco comunista, liderado pela extinta União Soviética, e o avanço da globalização deram a senha para o surgimento de um novo clube de grandes economias, do Extremo Oriente à América Latina. Quando, em 2001, Jim O’Neill, então economista-chefe do banco americano Goldman Sachs, criou a expressão Bric (logo ampliada para Brics, com a inclusão da África do Sul) era difícil prever como Brasil, Rússia, Índia e China ganhariam tamanha importância em tão pouco tempo. 

 

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Em apenas uma década, as cinco economias, que reúnem mais de 40% da população do planeta, passaram a representar 20% do PIB global. Mais do que isso: elas atualmente sinalizam que, além de uma sigla, podem formar um bloco com poder de fato e de direito. “O conceito do Brics teve grande impacto político e, embora a força desses países seja mais visível individualmente, ela está mudando o eixo de poder entre Leste e Oeste e o papel dos Estados Unidos e Europa no mundo”, afirma Yongjin Zhang, professor de política internacional da Universidade de Bristol, na Inglaterra. 

 

Esse cenário multipolar, contudo, não surgiu como passe de mágica. Quando DINHEIRO nasceu, em 1997, somente a China se firmava como potência em ascensão. Foram os emergentes que arrasaram as bolsas em uma quebradeira em série naquela época. Primeiro foi o “efeito tequila” mexicano (1994), depois a crise dos tigres asiáticos (1997) e o calote russo (1998). O Brasil sucumbiu em 1999, com a maxidesvalorização do real. A crise se aprofunda agora na Europa e EUA. Os países emergentes, com os Brics à frente, têm o desafio de alcançar mais unidade política para liderar a recuperação global.