29/09/2010 - 21:00
Só neste ano já foram duas aquisições, 58,6% da Fosfértil e as atividades de fosfato da Bunge do Brasil, pelas quais desembolsou US$ 4,7 bilhões. As tarefas no topo da agenda do presidente Mário Barbosa são estruturar a empresa e preparar a abertura de capital. Em um intervalo da tarefa de acomodar a companhia em seu novo endereço na zona sul de São Paulo, Barbosa falou à DINHEIRO:
“Queremos estar entre as três maiores empresas de fertilizantes do mundo”
DINHEIRO – Por que a Vale investiu em fertilizantes?
MÁRIO BARBOSA – A população global só vai aumentar e a produtividade agrícola dependerá cada vez mais de fertilizantes. Assim, o mercado potencial para esses produtos deverá continuar em expansão por muito tempo.
DINHEIRO – Em que pé está a estruturação da Vale Fertilizantes?
BARBOSA – Estamos integrando as empresas da área. Adquirimos os ativos de fostafo da Bunge no Brasil e a Fosfertil, e essas aquisições estão sendo integradas ao setor de fertilizantes da própria Vale. Nossa abrangência é grande. Operamos em Sergipe e em Minas Gerais e, no Exterior, em Moçambique, no Canadá, na Argentina e no Peru.
DINHEIRO – Quais as perspectivas para 2010?
BARBOSA – O Brasil importa 90% do potássio, 50% do fósforo e 60% do nitrogênio que consome. Os produtos importados não pagam imposto, as cotações são as do mercado internacional e a concorrência é duríssima. Há um espaço enorme para que substituamos as importações. Já fechamos 150 contratos de fornecimento este ano e vamos fazer mais.
DINHEIRO – Vocês vão comprar as operações de fertilizantes da Anglo American no Brasil, a Copebrás?
BARBOSA – A Copebrás não está à venda. Quando eu dirigia a Bunge Fertilizantes, fui a Londres 12 vezes para tentar comprar a empresa e não saiu negócio. Nunca tratamos do assunto aqui na Vale.
DINHEIRO – Pode ocorrer alguma aquisição?
BARBOSA – Não estamos procurando nada, mas é claro que se surgir alguma oportunidade de mercado vamos analisar com cuidado. Nossa aposta, porém, é no crescimento orgânico. Vamos investir US$ 12 bilhões até 2014, dinheiro que virá do caixa próprio, da emissão de dívida e da abertura de capital.
DINHEIRO – Como será o processo de abertura de capital?
BARBOSA – Vamos separar as atividades de fertilizantes da Vale do Rio Doce e listar as ações no Novo Mercado.
DINHEIRO – Em que momento isso deve ocorrer?
BARBOSA – No primeiro semestre de 2010, dependendo das condições do mercado e de quando acabarmos de estruturar a empresa.
DINHEIRO – Qual será o tamanho da operação?
BARBOSA – Não temos um número definido, mas será uma operação grande. Queremos estar entre as duas ou três maiores empresas do setor em todo o mundo.
DINHEIRO – A Vale é a principal ação da bolsa de valores. Há espaço para uma nova empresa do grupo no mercado?
BARBOSA – Sim, pois há muitos investidores com interesse específico em fertilizantes. Já há uma fila de candidatos para participar do IPO.
DINHEIRO – A BHP Billiton está em uma disputa acirrada para comprar a canadense Potash. O que isso significa para o mercado internacional de fertilizantes?
BARBOSA – A disputa pela Potash mostra como o setor de fertilizantes é importante para as mineradoras, pois as atividades estão muito ligadas. Quem entender isso terá vantagens no mercado global, e nesse ponto a Vale saiu na frente.