Só neste ano já foram duas aquisições, 58,6% da Fosfértil e as atividades de fosfato da Bunge do Brasil, pelas quais desembolsou US$ 4,7 bilhões. As tarefas no topo da agenda do presidente Mário Barbosa são estruturar a empresa e preparar a abertura de capital. Em um intervalo da tarefa de acomodar a companhia em seu novo endereço na zona sul de São Paulo, Barbosa falou à DINHEIRO:

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“Queremos estar entre as três maiores empresas de fertilizantes do mundo” 


DINHEIRO – Por que a Vale investiu em fertilizantes? 


MÁRIO BARBOSA – A população global só vai aumentar e a produtividade agrícola dependerá cada vez mais de fertilizantes. Assim, o mercado potencial para esses produtos deverá continuar em expansão por muito tempo.

 

 

DINHEIRO – Em que pé está a estruturação da Vale Fertilizantes?


BARBOSA – Estamos integrando as empresas da área. Adquirimos os  ativos de fostafo da Bunge no Brasil e a Fosfertil, e essas aquisições estão sendo integradas ao setor de fertilizantes da própria Vale. Nossa abrangência é grande. Operamos em Sergipe e em Minas Gerais e, no Exterior, em Moçambique, no Canadá, na Argentina e no Peru.

 

 

DINHEIRO – Quais as perspectivas para 2010?


BARBOSA – O Brasil importa 90% do potássio, 50% do fósforo e 60% do nitrogênio que consome. Os produtos importados não pagam imposto, as cotações são as do mercado internacional e a concorrência é duríssima. Há um espaço enorme para que substituamos as importações. Já fechamos 150 contratos de fornecimento este ano e vamos fazer mais. 

 

 

DINHEIRO – Vocês vão comprar as operações de fertilizantes da Anglo American no Brasil, a Copebrás?


BARBOSA – A Copebrás não está à venda. Quando eu dirigia a Bunge Fertilizantes, fui a Londres 12 vezes para tentar comprar a empresa e não saiu negócio. Nunca tratamos do assunto aqui na Vale.

 

 

DINHEIRO – Pode ocorrer alguma aquisição?


BARBOSA – Não estamos procurando nada, mas é claro que se surgir alguma oportunidade de mercado vamos analisar com cuidado. Nossa aposta, porém, é no crescimento orgânico. Vamos investir US$ 12 bilhões até 2014, dinheiro que virá do caixa próprio, da emissão de dívida e da abertura de capital. 

 

 

DINHEIRO – Como será o processo de abertura de capital?


BARBOSA – Vamos separar as atividades de fertilizantes da Vale do Rio Doce e listar as ações no Novo Mercado.

 

 

DINHEIRO – Em que momento isso deve ocorrer?


BARBOSA – No primeiro semestre de 2010, dependendo das condições do mercado e de quando acabarmos de estruturar a empresa.

 

 

DINHEIRO – Qual será o tamanho da operação? 


BARBOSA –  Não temos um número definido, mas será uma operação grande. Queremos estar entre as  duas ou três maiores empresas do  setor em todo o mundo. 

 

 

DINHEIRO – A Vale é a principal ação da bolsa de valores. Há espaço para uma nova empresa do grupo no mercado? 


BARBOSA – Sim, pois há muitos investidores com interesse específico em fertilizantes. Já há uma fila de candidatos para participar do IPO. 

 

 

DINHEIRO – A BHP Billiton está em uma disputa acirrada para comprar a canadense Potash. O que isso significa para o mercado internacional de fertilizantes?


BARBOSA – A disputa pela Potash mostra como o setor de fertilizantes é importante para as mineradoras, pois as atividades estão muito ligadas. Quem entender isso terá vantagens no mercado global, e nesse ponto a Vale saiu na frente.