DINHEIRO – Qual é a sua expectativa para a recuperação da economia americana?

GUSTAVO MARIN – Acho que a economia dos Estados Unidos e as principais economias europeias vão apresentar uma trajetória de recuperação gradual, mas que não está livre de solavancos. Os Estados Unidos aos poucos estão se consolidando, mas o problema agora é a Europa, onde ainda há necessidade de mais ajustes. 

 

 

DINHEIRO – Como o sr. avalia a atuação dos bancos centrais?


MARIN – Os bancos centrais e os governos atuaram de forma correta, tanto injetando dinheiro no sistema bancário para não travar o crédito, quanto estimulando o consumo por meio de medidas fiscais, que reduziram os impostos. Não repetimos os erros que foram cometidos na década de 30.

 

 

DINHEIRO – Quais erros?


MARIN – EM 1929 houve uma severa crise bancária e as autoridades monetárias tomaram medidas que retraíram o sistema financeiro ainda mais. Com isso, o que era uma recessão [uma leve queda da atividade econômica] transformou-se em uma depressão [uma queda da atividade econômica profunda e prolongada]. Isso não vai ocorrer agora.

 

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DINHEIRO – Por quê?


MARIN – O presidente do banco central americano, Benjamin Bernanke, é um estudioso da crise dos anos 30. Ele atuou no sentido inverso, estimulando a economia e fortalecendo o sistema financeiro. 

 

 

DINHEIRO – Alguma outra mudança no sistema bancário?


MARIN – Sim, o aprofundamento da regulamentação nos Estados Unidos. Nos meses que se seguiram à crise houve uma profunda discussão sobre a regulamentação e a fiscalização do sistema financeiro, e hoje os controles estão mais rígidos. A regulação internacional foi na mesma linha.

 

 

DINHEIRO – Isso fortalece o sistema?


MARIN – Sem dúvida, pois permite tanto um controle melhor quanto preserva a confiança dos investidores.

 

 

DINHEIRO – Como está a relação do Citi nos Estados Unidos com o governo americano?


MARIN – O Citi teve de tomar dinheiro emprestado por meio do programa do governo americano de ajuda aos bancos, o Tarp [sigla para Troubled Asset Relief Program, ou Programa  de Recuperação de Ativos Problemáticos], mas já pagou integralmente esses empréstimos. No programa de recuperação, o governo americano também comprou 28% das ações ordinárias do Citi, mas já começou a revender esses papéis e o compromisso é vender tudo até o fim de 2010.

 

 

DINHEIRO – E no Brasil? Qual a estratégia do banco?


MARIN – Agora está na moda dizer que o Brasil é um país estratégico, mas para o Citi o Brasil é estratégico há 95 anos, que é o tempo que estamos aqui. Como espera-se um período de desaquecimento das economias desenvolvidas e um bom desempenho das economias emergentes, como o Brasil, a orientação no Citi foi deslocar recursos para esses países. Assim, o Brasil está no topo da lista de prioridades do banco.

 

 

DINHEIRO – Quais são as atividades prioritárias?


MARIN – O Citi tem uma posição privilegiada como banco de atacado, que atende as empresas de grande porte. Como banco de investimentos também. Temos uma marca de cartões de crédito fortíssima, que é a Credicard, e também estamos muito bem posicionados como banco comercial. Nossa agenda aqui é de crescimento.

 

 

DINHEIRO – O Citi está contratando?


MARIN – Sim, estamos. Não é possível crescer sem recrutar pessoas, e é isso que estamos fazendo.