O Uruguai informou nesta quarta-feira que não vai seguir o caminho de reforma trabalhista adotado pelo Brasil, considerada um “retrocesso” que pode ter uma repercussão regional negativa.

“Não vamos seguir o caminho do Brasil, e se tiver gente no Uruguai querendo segui-lo, vai nos encontrar do outro lado”, disse à imprensa o ministro do Trabalho Ernesto Murro.

Murro destacou que a administração do presidente de esquerda Tabaré Vázquez aposta no crescimento econômico “mas não às custas de reduzir direitos sociais e dos trabalhadores”.

O Congresso aprovou neste mês a lei que prioriza a negociação entre empresas e trabalhadores sobre a lei em questões como parcelamento das férias, flexibilização da jornada, participação nos lucros e resultados, intervalo de almoço, plano de cargos e salários e banco de horas. Ela também prevê o fim da contribuição sindical obrigatória.

Murro disse que essa lei “é um tema dos brasileiros, ,as pode ter repercussões importantes nas empresas uruguaias e afetar os empresários e trabalhadores locais”.

O Uruguai entende que a Declaração Sócio-Laboral, assinada pelos sócios do Mercosul em 2015, deve ser respeitada e que a nova legislação afeta negativamente os direitos dos trabalhadores e vai incidir na competitividade interna do bloco.

O tema estremeceu o vínculo bilateral, já que a chancelaria brasileira convocou o embaixador uruguaio pelas críticas formuladas por Montevidéu.

O Ministro de Exteriores, Rodolfo Nin Novoa, anunciou nesta semana que o governo vai pedir uma reunião de órgãos sócio-laborais dos demais sócios do Mercosul (Argentina, Brasil e Paraguai) por esse tema.

“Preocupa o Uruguai porque é uma maneira de competir com base na retirada de direitos trabalhistas, coisa que sempre tentamos evitar”, apontou Nin.