Pulmão do mundo, grande reserva de minérios, pasto, subsistência. A Amazônia possui riquezas variadas, dependendo de alguns pontos de vista. A lógica de exploração da floresta, no entanto, sempre seguiu apenas dois paradigmas antagônicos: a conservação total e irrestrita, com a criação de grandes áreas protegidas legalmente; ou a exploração por meio da transformação da mata em commodities, seja por meio da agricultura ou de outras atividades comerciais. Mas, e se houver outra saída? Ou ainda, e se as maiores riquezas amazônicas ainda não foram descobertas? É essa suspeita que levou o empreendedor peruano Juan Carlos Castilla-Rubio, fundador da Space Time Ventures, incubadora de empresas de tecnologia, a lançar a iniciativa Amazon Third Way. No final de junho, Castilla-Rubio publicou um artigo no site do Fórum Econômico Mundial em que resume a iniciativa, que conta com a parceria de cientistas e do próprio Fórum.

O objetivo é mapear os ativos biológicos da Amazônia, registrar e certificar essa propriedade intelectual usando plataformas abertas, sistematizar os direitos e obrigações associados a essas informações e desenvolver um marketplace global, no estilo “E-bay”, de forma a reduzir o custo de pesquisa e transação dessa propriedade intelectual. Esses dados irão fomentar o desenvolvimento de uma miríade de tecnologias, incluindo novas estruturas têxteis, formas alternativas de produção de energia, sensores, algoritmos de inteligência artificial, tecnologias de sequestro de carbono, entre outras. “Existem cerca de 285 mil produtos derivados da biodiversidade mundial, mas só conseguimos sintetizar 10 mil deles”, afirma Castilla-Rubio. A Amazônia concentra 25% da biodiversidade do planeta. A questão é que governos sempre relutaram em abrir esse banco de dados, por medo da chamada pirataria biológica. Mas, segundo o empreendedor, isso, na verdade, criaria um mercado capaz de financiar as pesquisas e a preservação da floresta.

(Nota publicada na Edição 1026 da Revista Dinheiro)