A EDP Energias do Brasil espera seguir em crescimento e deve buscar novas oportunidades de investimento para garantir sua expansão. De acordo com o diretor presidente da companhia, Miguel Setas, o segmento de transmissão, no qual a companhia estreou no ano passado, com a conquista de um lote em leilão realizado em outubro, é prioritário. O executivo salientou que o segmento possui, atualmente, rentabilidade interessante e competição aceitável. “Competência nós temos, nosso entendimento é que temos condições de competir de maneira efetiva no próximo leilão”, disse. Segundo o executivo, a participação da companhia deve ser superior em relação a que teve no último leilão, quando disputou dois empreendimentos e venceu uma disputa, de um pequeno lote. “A dimensão não vou dizer, porque vou dar sinais à concorrência.” O lote obtido pela companhia é composto por uma linha de transmissão de 113 quilômetros de extensão, que exigirá R$ 100 milhões de investimentos. O projeto é localizado no Espírito Santo, onde a companhia já atua por meio de sua distribuidora. Anteriormente, Setas já indicou que pode atuar via projetos de transmissão em áreas geográficas diferentes de onde já está. Além de transmissão, Setas também afirmou nesta quinta que a EDP tem interesse em crescer no segmento de geração de energia solar distribuída (GD), onde a companhia estruturou atuação também no ano passado, por meio da EDP Solar. “Esse é um dos negócios no setor energético mais promissores em 10 a 20 anos”, disse. “Estamos entrando ainda de forma preliminar e tímida (em GD e transmissão), mas temos balanço preparado para ter crescimento maior nestes segmentos, como em outros”, disse o diretor presidente da EDP, lembrando do aumento de capital da ordem de R$ 1,5 bilhão realizado pela companhia no ano passado. O executivo disse que a companhia também segue interessada em novos ativos de geração e distribuição, onde sua atuação é mais tradicional no País. Setas lembrou, porém, que dado o quadro de atual sobreoferta de energia e a entrada em operação de grandes usinas – como Belo Monte, Jirau e Santo Antonio -, há “menos pressão” por novos projetos. Ele não descartou a possibilidade de adquirir usinas já existentes, como aquelas que devem ser relicitadas dentro do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), após o encerramento da concessão. Ele sinalizou, porém, que a atratividade desses ativos é menor para a companhia. “Vamos analisar tudo o que for colocado no mercado”, disse. “Mas temos vantagem competitiva sobre concorrência na capacidade de executar com excelência, antes do prazo e do orçamento”, acrescentou. Segundo ele, a companhia vê mais valor na construção de usinas novas do que na compra de usinas em operação. “Nas usinas em operação, há poucas variáveis para gerar valor”, disse, lembrando que a obra está concluída, o contrato de fornecimento está fechado, com preço definido. Na sua avaliação, a criação de valor só se daria se o preço da compra fosse baixo. “Mas aí entra a competição, e há quem tenha muito apetite, para ganhar escala”, disse. Questionado sobre o eventual interesse na privatização da estatal paulista de geração Cesp, Setas afirmou que não faz parte das prioridades da companhia. “Não está no radar de prioridades”, disse. Ele também negou interesse nas térmicas à carvão que a geradora Engie Brasil Energia colocou à venda. “Investir em térmicas a carvão não faz sentido, não queremos expandir. Temos ativos a carvão e queremos operar da forma mais eficiente possível, mas não está nos planos crescer”, disse. Já no que diz respeito ao segmento de distribuição, Setas lembrou que o setor deve passar por um movimento de consolidação, mas salientou que a EDP tem interesse em ativos específicos. Não é o caso, por exemplo, das distribuidoras que o grupo Eletrobras deve privatizar ainda este ano. “Não temos interesse na privatização das distribuidoras por questão de afinidade estratégica, nossa estratégia passa por outras regiões do Pais”. O executivo se negou a nominar quais ativos seriam de interesse da companhia e disse que “não há calendário definido” ou algo concreto sobre “as opções mais óbvias e interessantes”, mas indicou que bastaria “olhar o mapa” para entender o que faria sentido, numa referência a ativos localizados em regiões geográficas próximas às suas distribuidoras. Setas salientou, porém, que o critério não é só geográfico e que contingências e riscos envolvidos também são questões relevantes para a atratividade do negócio.