Se a Fiat resolver fazer uma campanha promocional para suas picapes, tenho uma sugestão de slogan e de artista: “ Show das poderosas”, com a cantora Anitta. Juntas, a Strada e a Toro venderam em dois meses 14.540 unidades (com uma diferença de apenas 860 unidades entre elas).

A mais vendida no acumulado ainda é a Strada, mas o brilho é mesmo da revolucionária Toro. Em fevereiro, pela primeira vez em “milênios”, a Strada perdeu o posto de mais vendida. Foi superada dentro de casa pela Toro, que conseguiu 3.582 emplacamentos, contra 3.289 da irmã.

As 14.540 picapes vendidas pela dupla Strada/Toro, da Fiat, representam o dobro do que conseguiu a dobradinha Saveiro/Amarok, da Volkswagen (7.076 vendas). E deixou na poeira a dupla S10/Montana, da Chevrolet (5.943 vendas).

A relevância desses números está no fato de que a Fiat trocou a liderança no segmento de carros baratos pela liderança no segmento de comerciais leves. Ou seja: está ganhando mais dinheiro, apesar de não ter o mesmo volume de antes. Graças à Toro, vale destacar, só a indústria de veículos comerciais apresenta números melhores do que os do primeiro bimestre de 2016 (que, aliás, já eram péssimos). Todos os outros segmentos caíram.

Já escrevi sobre o pioneirismo da Fiat no nicho de picapes aqui mesmo na REPÚBLICA DO AUTOMÓVEL, quando a Toro foi lançada. E mesmo tendo chegado depois da Renault Oroch, seu sucesso comercial é muito maior (a picape baseada no Duster vendeu 848 unidades em fevereiro e acumula 1.749, na oitava posição do ranking da categoria). Isso porque ela herdou toda a tecnologia do Jeep Renegade, outro sucesso da FCA (Fiat Chrysler Automobiles).

E aqui entra outro fator de bonança comercial da FCA, pois o Renegade agora faz dobradinha com o Compass, também da Jeep. Aliás, o Compass está à frente de seu irmão (5.812 contra 5.681 emplacamentos), pela simples razão de que é quase impossível para uma marca investir publicitariamente em dois produtos ao mesmo tempo. Como a novidade chama-se Compass, é natural que ele tenha as atenções e o dinheiro do marketing da Jeep. De qualquer forma, ambos ainda estão bem atrás do Honda HR-V, líder entre os SUVs/crossovers com 6.861 vendas acumuladas.

Voltando aos veículos comerciais, a liderança da Toro em fevereiro mostra que a Fiat acertou na mosca ao apostar em um carro que tem a versatilidade de uma picape e a dirigibilidade de um SUV. Isso porque a Toro é construída como um automóvel de passeio, ou seja, com uma carroceria monobloco. Já as picapes tradicionais (como Toyota Hilux, Ford Ranger e as citadas S10 e Amarok) são construídas como um caminhão, ou seja, com a carroceria montada sobre o chassi (duas longarinas).

A diferença na dirigibilidade dessas picapes é impressionante. É muito mais confortável, simples e seguro rodar na cidade ou na estrada com uma picape do tipo monobloco do que com uma picape de carroceria sobre chassi. As picapinhas Strada, Saveiro e Montana também são feitas em monobloco, mas seu tamanho pequeno já não atende ao consumidor que e a Fiat e a Renault identificaram para comprar uma Toro ou uma Oroch.

No novo cenário do mercado brasileiro, cada vez mais difícil para as montadoras, o show das poderosas picapes Strada e Toro vai continuar. Só falta agora a Fiat chamar Anitta para cantar.

“Prepara que agora é a hora
Do show das poderosas
Que descem e rebolam
Afrontam as fogosas
Só as que incomodam
Expulsam as invejosas
Que ficam de cara quando toca”