Zeitgeist é o termo em alemão que sintetiza “o espírito do tempo”, que resumidamente significa as grandes linhas de pensamento e de cultura de uma determinada época. Também passou a ser usado para designar o conjunto de tendências e comportamentos emergentes de um momento histórico.

Nesse sentido, gosto de pensar em zeitgeist como as aspirações da sociedade. E nenhum desejo está mais presente nos corações e mentes dos habitantes das grandes cidades do mundo ocidental do que encontrar um estilo de vida de maior qualidade, saudável, prazeroso, próspero e, sobretudo, com significado.

Se estamos divididos por classes sociais, pensamentos políticos ou visões de mundo geracionais, nos encontramos unidos pelo sentimento de que o modo de vida que ajudamos a moldar nas grandes metrópoles não nos satisfaz. Nem sempre temos essa consciência, mas convivemos com esse desconforto permanente.

Está na hora de redefinirmos o que é uma vida de qualidade para a nossa coexistência em sociedade. Com esse desafio, Redefining the Good Life será o tema que vai mobilizar a rede global de conferências Sustainable Brands a partir desta semana, começando por Detroit, nos Estados Unidos, e alcançando São Paulo, nos dias 18 e 19 de setembro.

A ambição é grande. Criar uma visão coletiva, e ao mesmo tempo relevante localmente, sobre o que é uma vida boa em todas as suas dimensões: do individual ao planetário, passando pela família, organizações, comunidades, cidades e países.

Além de dar forma e fazer emergir um pensamento que está presente em nossa sociedade, será possível gerar evidências e despertar mais e mais empresas para os riscos e oportunidades presentes nesses novos e nem tão novos anseios da sociedade.

Neste mundo imperfeito e ambíguo que vivemos, ainda temos que enfrentar muitos desafios éticos e de orientação dos negócios, ainda majoritariamente busca o lucro a qualquer custo. Mas esse pode ser justamente o ponto de partida dessa nova consciência da sociedade, que influenciará a mudança das empresas, mesmo que seja tão somente por instinto de sobrevivência.

Pesquisa liderada pela consultora Carol Cone, da The Purpose Collaborative, que será divulgada nesta semana revela quatro dimensões para uma vida boa, segundo os consumidores norte-americanos: simplicidade equilibrada (com ênfase em saúde); conexões com significado; independência financeira e alcance de metas pessoais (especialmente ligadas a carreira e educação).

Ainda que tenhamos necessidades mais básicas a suprir para boa parte da população brasileira, em essência, essas são demandas sociais que não estão distantes da realidade de nossas populações urbanas.

Nas últimas décadas, temos vivido intensamente o presente sem termos clareza sobre o futuro que queremos. Afinal, o que estamos construindo? Muitos de nós já tomaram consciência de que nos deixamos enredar por um estilo de vida que gera momentos fugazes de felicidade, muita ansiedade e frustração. Provocar a imaginação coletiva e visualizar o futuro que queremos é, sem dúvida, um acelerador da mudança.