Depois do discurso do presidente Michel Temer, em que ele afirma que não renunciaria, o senador paranaense Álvaro Dias conversou com a coluna sobre a situação que o País atravessa e a grave crise institucional. Acompanhe:

O que o senhor achou do discurso do presidente?

Ele preserva o mandato como um guarda-chuva protetor para segurar o foro privilegiado. Mas as consequências são dramáticas porque alonga o sofrimento, agrava a crise, compromete a economia. A nação continua sangrando.

Ele tem condições de se manter?

A impopularidade dele já era notável e, com esse episódio, isso se agrava. Um presidente suspeito envolvido em delitos graves no exercício do mandato de presidente, tendo em curso uma operação Lava Jato que vai desvendando os mistérios da corrupção no País. Ou seja, é da maior gravidade. Isso não só impopulariza como faz crescer a rejeição e a revolta popular.

O senhor acredita que ele perde a base?

Já começou a perder.

Quem ficar na base poderá sofrer?

Sem dúvida, quem ficar na base do governo terá um desgaste político enorme. Uma pesquisa do Instituto Paraná já aponta que 80% da população quer a renúncia dele.

E a situação do senador Aécio Neves?

Complicou. Já há solicitação de cassar o mandato dele aqui no Senado.

O senhor foi do PSDB. O partido sai manchado?

Todos os partidos tradicionais serão rejeitados pela população. É um drama que eles viverão. É PMDB, PT, PSDB, PP… Não há salvação para essas siglas depois do que a Lava Jato revelou.

Caso o presidente saia, estão falando em eleições indiretas. O que o senhor pensa sobre essa possibilidade?

Eleição indireta nesse atual Congresso é sempre uma temeridade.

Por quê?

Conhecemos bem o Congresso e sabemos que há uma série de parlamentares envolvidos nessa crise. Isso torna o ambiente muito tenso, é imprevisível o que poderia acontecer.

A saída seriam eleições diretas?

Evidente que sim. Só que eleição direta para um mandato tampão é um desperdício. Só se alterássemos a Constituição para antecipar as eleições de 2018.