O dólar fechou em leve alta ante o real nesta quarta-feira, 22, em meio a uma série de fatores locais e domésticos. Uma nova queda do petróleo e a cautela com a votação de um projeto importante no Congresso dos EUA nesta quinta-feira prejudicaram o apetite por risco nos mercados globais, enquanto internamente os participantes digerem o primeiro recuo formal nas tratativas para a reforma da Previdência e aguardam o anúncio do relatório bimestral de receitas e despesas, que poderá trazer um eventual aumento de impostos.

O dólar à vista no balcão terminou com alta de 0,28%, a R$ 3,0947, depois de ter oscilado entre a mínima de R$ 3,0817 (-0,15%) e a máxima de R$ 3,1093 (+0,75%). O giro registrado na clearing de câmbio da BM&FBovespa hoje foi de US$ 1,543 bilhão. No mercado futuro, o dólar para abril avançava 0,18% por volta das 17h15, a R$ 3,1045. O volume financeiro somava US$ 14,721 bilhões. A divisa norte-americana tinha um desempenho misto ante outras moedas emergentes e de países exportadores de commodities, subindo frente ao rublo russo (+0,29%) e o dólar australiano (+0,13%), mas caindo na comparação com o rand sul-africano (-0,86%) e a lira turca (-0,36%).

O petróleo Brent para maio fechou em queda de 0,63%, a US$ 50,64 o barril. O Departamento de Energia dos EUA divulgou hoje que os estoques de petróleo bruto subiram 4,95 milhões na semana, acima do esperado e atingindo o recorde de 533,1 milhões de barris. Além disso, os investidores seguem preocupados com a votação da rejeição do Obamacare amanhã na Câmara dos Deputados dos EUA. Ainda que o projeto do governo Donald Trump seja aprovado pelos deputados, a batalha no Senado deve ser mais difícil.

No cenário interno, a decisão do presidente Michel Temer de anunciar de surpresa na noite de ontem a retirada de servidores estaduais e municipais da reforma da Previdência ainda é digerida. Embora seja claramente uma derrota do governo, alguns operadores apontam que isso pode facilitar a aprovação do projeto. “É lógico que o texto original seria melhor, mas alguma negociação política era esperada”, comenta Alessie. “Essa alteração na reforma da Previdência influenciou um pouco os negócios hoje. Prejudica o ajuste, mas pode facilitar a aprovação. Por enquanto ainda está meio esquisito”, opina o operador citado acima.