A expressão “luxo acessível” tem sido combatida, nos últimos anos, com unhas e dentes por diversos especialistas no mercado premium. Afinal, se a essência do luxo é exatamente ser algo exclusivo e de difícil alcance, essa nomenclatura soa como contraditória. Mas não é o que defende a grife suíça Frederique Constant. A empresa tenta mostrar que nem todo o relógio que é produzido aos pés dos Alpes, que abrigam as mais refinadas grifes do setor no mundo, como Rolex e Vacheron Costantin, precisa ter um valor elevado.

Mas como fazer isso sem perder o requinte? “Temos um belo produto em um posicionamento bem diferente”, diz o executivo holandês Niels Eggerdin, vice-presidente da Frederique Constant. “Não há outras marcas que conseguem atingir o público que queremos.” O preço, de fato, é bem competitivo em comparação aos das concorrentes diretas. O valor de entrada dos relógios, no Brasil, é de R$ 2,9 mil, similar ao do Apple Watch, o smartwatch da empresa de tecnologia.

Os exemplares mais caros não devem ultrapassar os R$ 10 mil, pelo menos em um primeiro momento. Para o professor da FAAP, Amnom Armoni, a empresa está se aproveitando de um movimento global que ele chama de “democratização do bom gosto”. “Houve um grande aumento de renda em todo o mundo”, diz Armoni. “As pessoas estão dispostas a gastar mais para terem coisas melhores.” Para conquistar o público brasileiro, a empresa está até abrindo mão da sua margem de lucro. O valor dos relógios por aqui é competitivo ao encontrado nos Estados Unidos ou na Europa.

Mesmo tendo estreado no mercado há poucas semanas, a estratégia vem dando resultado. É o que diz o empresário Freddy Rabbat, responsável pelas vendas da marca no Brasil e que também é distribuidor da Tag Heuer. “O preço mais convidativo vem fazendo as nossas encomendas serem renovadas antes do esperado”, diz Rabbat, sem citar números. Fundada em 1988, a jovem Frederique Constant quer provar que, mesmo sendo também mais humilde, pode ser cobiçada assim como as suas centenárias compatriotas.