O presidente Michel Temer afirmou, em almoço com governadores e ministros na residência oficial do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que a responsabilidade pela retomada do crescimento “é de todos” e ele poderia ficar “comodamente” no lugar de presidente da República, mas que decidiu enfrentar os problemas do País. “Convenhamos que poderíamos muito perfeitamente, comodamente, nos instalar na presidência e desfrutar do prazer de ser presidente da República. E dois anos e pouco tempo depois desfrutar historicamente ter sido presidente da República”, afirmou, conforme áudio distribuído nesta noite pela assessoria de imprensa do Planalto. “Mas nós queremos mais. Nós queremos é recuperar o Brasil”, completou.

Temer afirmou que é preciso retomar uma cultura de que o “governo não é de um ou alguns, mas o governo é de todos”. “E, sendo de todos, todos têm a mesma responsabilidade perante o povo brasileiro. E uma das responsabilidades fundamentais creio eu é, exata e precisamente, essas reformas que estamos fazendo ao longo do tempo”, afirmou.

Sem citar o nome de sua antecessora, Dilma Rousseff, o presidente disse ainda que apanhou um governo “em uma situação delicada, e fomos acertando pouco a pouco”. “Mas para consertar é preciso medidas às vezes chamadas impopulares porque nós nos recusamos às medidas populistas”, reforçou.

Segundo Temer, as medidas populistas são irresponsáveis e são “aplaudidas amanhã e causam um prejuízo depois de amanhã”. “Nós nos recusamos a isso. Nós tomamos medidas que achamos importantes para o Brasil”, afirmou, citando a PEC do teto dos gastos e as reformas trabalhista e previdenciária.

Reconhecendo que a reforma da Previdência era o tema do encontro com governadores, em que Rodrigo Maia foi o anfitrião, Temer disse que não se tratava de “pedir o apoio de ninguém”. “É para explicar um pouco como caminhou a reforma da Previdência até agora.”

Apesar disso, em outro momento do discurso acabou cedendo e apelou pela ajuda dos governadores. “E o que nós queríamos aqui, mais precisamente ao saudá-los mais uma vez, é dizer que precisamos muito desse apoio. Eu sei que os senhores têm a compreensão de que governadores têm as mesmas dificuldades que nós temos aqui na área federal, os prefeitos municipais”.

Espanhol

O presidente, que tem capitaneado a visita do primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, também usou parte do discurso para exaltar o exemplo dado pelo premiê a favor das reformas. “Ele deu um depoimento extraordinário”, disse. “Nós tivemos uma similitude muito grande na nossa atuação. A Espanha passou por um período dificílimo. Lá, eles tiveram que congelar o salário dos servidores e aposentados por cinco anos. Se eu fizer isso aqui, invadem o palácio, né?”, comentou.

Segundo Temer, mesmo com greves e protestos, Rajoy fez a reforma, a Espanha melhorou sua situação e ele foi reeleito. “Foi reeleito exata e precisamente por causa das reformas corajosas que ele empreendeu e que levantaram a Espanha”, afirmou.