São Paulo, 08 – Em um ano tumultuado para a pecuária brasileira, o setor de máquinas para frigoríficos registra aumento da demanda de pequenas e médias empresas de carne bovina, suína e de aves. O interesse de investimento, que serve de termômetro para a intenção de produção do segmento, é tímido e esbarra na dificuldade de acesso a linhas de créditos específicas, mas aponta uma reação, avaliaram nesta terça-feira, 8, empresários e representantes da categoria que estiveram na Feira Internacional de Tecnologia para a Indústria de Proteína Animal (TecnoCarne), em São Paulo.

O diretor da Bettcher do Brasil, Edson Bittencourt, afirmou que a Operação Carne Fraca e as delações da JBS afetaram o mercado, mas seu efeito foi passageiro. “Outros frigoríficos passaram a se movimentar mais com o que aconteceu”, afirmou. Segundo ele, algumas empresas estão produzindo mais, principalmente entre as pequenas e médias. Bittencourt calcula que as vendas de máquinas devem crescer 15% até o fim do ano, o que ele considera “uma boa surpresa”. Bittencourt fornece equipamentos para linhas de abate e desossa para cerca de 450 empresas no País, com preços que vão de R$ 5 mil a R$ 40 mil, em média.

O presidente da Toledo do Brasil, Paulo Eric Haegler, também está otimista e espera os mesmos 15% de aumento nas vendas ante o ano passado. A Toledo vende produtos como balanças e terminais para gerenciamento de informações. Os equipamentos para frigoríficos custam entre R$ 2 mil a R$ 80 mil, em média.

Já o diretor da Ulma no Brasil, José Segovia, é mais cauteloso e não confirma crescimento. Mas vê cooperativas do setor de aves e suínos ganhando espaço e aumentando a demanda por máquinas. “A credibilidade histórica das cooperativas está ajudando elas a ganharem espaço”, afirmou. Para os pequenos e médios o acesso ao crédito é mais difícil, acrescenta. A empresa espanhola fornece equipamento automatizado para embalagens e custam de R$ 200 mil a R$ 2 milhões.

O diretor da TecnoCarne, José Danghesi, disse que as delações da JBS trouxeram à tona a necessidade de descentralização do mercado, principalmente o de carne bovina. “Essa descentralização, no entanto, precisa ser acompanhada de linhas de créditos”, afirmou Danghesi.