Os juros futuros encerraram em baixa consistente nesta quinta-feira, 23, reagindo ao comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) considerado “dovish” (suave) em termos de perspectivas para a política monetária, enquanto a decisão de cortar a Selic em 0,75 ponto porcentual, para 12,25%, estava bem precificada. Ao término da negociação regular, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2018 estava na mínima de 10,335%, de 10,465% no ajuste de quarta-feira.

A taxa do DI para janeiro de 2019 também fechou na mínima, de 9,81%, de 9,98% no ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2021 caiu de 10,18% para 10,04%.

A mensagem do Banco Central, somada à tendência positiva das variáveis macroeconômicas – com destaque para a queda da inflação, das expectativas futuras e do dólar ante o real, além do encaminhamento das reformas fiscais -, abriu caminho para aumento das apostas num ciclo de corte de juros mais longo e até mesmo uma intensificação do ritmo nas próximas reuniões.

Segundo fontes de mesas de renda fixa, houve um aumento das apostas em torno de uma queda de 1 ponto porcentual na reunião do Copom em abril, “o que acabou influenciando toda a curva”, nas palavras de um profissional. O documento fortaleceu ainda a probabilidade de a Selic chegar ao final do ano abaixo de 9,50%.

O efeito do comunicado nos juros foi reforçado pela agenda doméstica, com mais um dado atestando desinflação e números benignos da área fiscal. O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) de fevereiro mostrou forte desaceleração, para 0,08%, de 0,64% em janeiro, menor taxa para o mês desde 2012 (-0,06%).

À tarde, as taxas bateram as mínimas após o Tesouro anunciar que as contas do Governo Central (Previdência Social, Tesouro Nacional e Banco Central) registraram superávit de R$ 18,968 bilhões em janeiro, o melhor desempenho para o mês desde 2013 e o terceiro melhor para um janeiro em toda a série histórica, iniciada em 1997.