Os juros futuros encerraram a quinta-feira, 20, perto da estabilidade, com viés de alta nos contratos de longo prazo. As preocupações em torno da reforma da Previdência e o avanço do dólar se contrapuseram à agenda de indicadores desta quinta, em tese favorável ao recuo das taxas, com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) de abril e o saldo do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de março abaixo da mediana e do piso das estimativas, respectivamente. Uma certa cautela antes do feriado de Tiradentes, quando o mercado no exterior funciona normalmente, também pesou sobre os negócios.

Ao final da sessão regular, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2018 (347.515 contratos) fechou com taxa de 9,545%, de 9,555% no ajuste anterior. O DI para janeiro de 2019 (321.070 contratos) encerrou em 9,38%, estável ante o ajuste de quarta. O DI janeiro de 2021 (185.945 contratos) terminou em 9,94%, de 9,93%.

“O mercado segue tenso com a questão da Previdência, mas o IPCA-15 ajudou a limitar o movimento (de alta), ao reforçar a ideia de que há espaço para a Selic continuar cedendo no curto prazo”, disse o estrategista-chefe da CA Indosuez Brasil, Vladimir Caramaschi.

Segundo ele, com o adiamento da votação na comissão especial da Câmara para 2 de maio, o principal ponto agora é que não há mais espaço para concessões e o governo parece ainda longe de um consenso para aprovar a proposta.

Desde a quarta, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, vem afirmando que o governo está muito perto do limite possível de concessões para aprovar o texto.

A reação das taxas ao IPCA-15 de abril, de 0,21%, abaixo da mediana das estimativas (0,27%), foi modesta e mais visível no início da sessão. Ainda pela manhã as taxas passaram a ficar pressionadas pelas operações relacionadas ao leilão de prefixados do Tesouro e à tarde renovaram máximas, em linha com a aceleração dos ganhos do dólar ante o real.

Na última hora da sessão regular, o avanço perdeu força após a divulgação do saldo do Caged de março, levando as taxas para perto dos ajustes de quarta. O Caged mostrou fechamento de 63.624 vagas, pior do que apontava o piso das projeções do mercado (corte de 37 mil vagas).