O Brasil registrou um superávit histórico no 1º quadrimestre de US$ 21,4 bilhões. Significa que as exportações estão superando as importações com folga, o que ajuda no crescimento econômico. O próprio governo já elevou sua estimativa de saldo positivo da balança comercial em 2017 para US$ 55 bilhões, nível recorde.

O ano passado também foi positivo para o comércio exterior, com um superávit de US$ 47,7 bilhões. Porém, quando se analisam as exportações e as importações, é fácil detectar que 2017 está sendo muito melhor do que 2006. Por quê?

No ano passado, o saldo positivo da balança comercial decorreu de um tombo expressivo de 20,1% das importações, que superou a queda de 3,5% das exportações. Era um sinal claro de profunda recessão. Afinal de contas, se não há atividade no mercado interno, o País não tem motivos para comprar bens de consumo nem máquinas. E, se não há uma estratégia para vender ao exterior, a consequência natural é a perda de mercados.

Em 2017, no entanto, o saldo positivo da balança comercial é fruto de boas notícias. No 1º quadrimestre, as exportações cresceram 21,8%, enquanto as importações subiram 9,5%. Ao vender mais para o exterior, as empresas conseguem desovar parte dos estoques que não teriam demanda aqui no Brasil. Ao comprar mais do exterior, o País dá sinais de que a atividade econômica começa a se recuperar. Repare, portanto, que o saldo positivo da balança comercial deste ano é muito mais promissor do que o saldo do ano passado, embora os dois resultem em dólares entrando no Brasil.

Para não dizer que eu ignorei aspectos negativos, cito aqui dois fatores que me preocupam. O primeiro deles é sobre a pauta de exportações, ainda muito concentrada em produtos básicos. Do total de vendas ao exterior, quase 49% são commodities agrícolas e minerais. O segundo aspecto é a dependência excessiva da China. Quase 25% das exportações foram para esse gigante asiático. Significa que se a economia chinesa se desacelerar demais, o Brasil terá problemas para vender os seus produtos. É fundamental, portanto, que o País diversifique sua pauta exportadora e busque novos clientes no exterior.