Podemos celebrar o primeiro trimestre de 2017 como um período de transição positiva para o ecossistema de Venture Capital. Há claros sinais de que a desaceleração na atividade de investimento, registrada principalmente no quarto trimestre de 2016, inverteu seu rumo nesses primeiros meses do ano.

Segundo relatório da Crunchbase, o número global de rodadas aumentou neste período 11,9% em relação ao último trimestre do ano passado. Os investimentos nas series A em diante saltaram 15%, mas cabe chamar a atenção dos leitores que os resultados foram impulsionados também por um aumento de 13,5% nos investimentos semente e anjo e de 7,5% nos estágios iniciais.

E é exatamente nesta etapa que vem ganhando fôlego o Micro Venture Capital, um fenômeno relativamente recente no ecossistema de investimentos brasileiro e para o qual é bom os empreendedores abrirem os olhos. O que realmente o diferencia das demais modalidades de investimento é justamente o estágio do negócio, entre a primeira camada acima do anjo e anterior a uma rodada de um Venture Capital.

Para exemplificar de forma mais clara sua importância no ciclo de vida de uma startup, o papel dos Micro VCs é basicamente identificar oportunidades na fase semente e usar várias estratégias para ajudar as startups a escapar do temido “Vale da Morte”.

Em outras palavras, o MVC, que investe um ticket médio entre R$ 300 mil e R$ 800 mil, é destinado a empresas que ainda precisam ganhar tração para conseguir atrair os VCs. Os Estados Unidos continuam a ser o principal foco geográfico para a maioria dos fundos de Micro Venture Capital (58%), seguidos pela Ásia (19%) e Europa (11%).

Uma das mais famosas Micros Venture Capital do mundo é a SV Angel, com mais de 700 investimentos realizados em 619 startups e 225 exits, entre elas DropBox, UBER e AirBnb.

No Brasil, nossa Bossa Nova Investimentos é um exemplo de Micro VC que tem se posicionado como referência justamente em função da sua atuação e seleção de startups com alto potencial e que precisam do aporte financeiro e mentoria para alavancar o negócio em vendas e marketing.

Para ajudar os empreendedores, separamos algumas dicas de como preparar a startup para receber investimento e também as principais características das Micro VCs. Confira:

Como preparar sua startup para receber investimentos

– Organize. Seu investidor vai querer saber se seu negócio é lucrativo, qual a perspectiva de crescimento e como se comportou nos últimos anos. Você precisa ter todos esses dados organizados e sistematizados. O mínimo que precisa reunir é o conjunto completo de dados financeiros por ano desde o início do negócio, o que inclui o DRE, o Balanço e o Fluxo de Caixa. Certifique-se de mostrar sua margem bruta e separe as despesas por função.

– Faça o valuation. É essencial calcular o valor real da sua empresa. Esse dado é muito importante na hora de negociar com investidores, pois possibilita que explore os aspectos que mais valorizam a startup. Além disso, entender o valor de uma empresa historicamente permite que tenha uma ideia do seu comportamento ao longo do tempo, o que é fundamental para a construção das estratégias futuras.

– Prepare o pitch. É indispensável também montar uma boa apresentação da sua empresa para convencer o investidor do potencial de escala. Se você não tem um bom discurso pronto na ponta da língua, pode dizer adeus ao capital. Não espere esse momento chegar. Prepare-se com antecedência, treine seu pitch, grave e se escute, faça novamente, até ficar 100% intuitivo para você.

– Contrate um advogado. Para que essa parceria caminhe bem, é fundamental que ambas as partes entendam exatamente quais são os próximos passos. O advogado vai te ajudar a preparar o que é necessário em uma due dilligence. Isso pode incluir seu plano de opções atual, acordos de confidencialidade dos empregados, marcas, patentes e outros documentos de propriedade intelectual, documentos societários, as resoluções do conselho, contratos de clientes, acordos de licenciamento de software etc.

Entenda as cinco principais características das Micro VCs

1. A grande maioria dos fundos é pré-série A (semente). Eles podem investir em nome de parceiros limitados e terceiros.
2. Geralmente são fundos que investem no máximo R$ 800 mil por startup.
3. Comumente são liderados por empresários bem-sucedidos que realizam ou já realizaram gestão de outras empresas.
4. Os fundos de Micro VC esperam uma rentabilidade de um mínimo de três vezes sobre o valor investido, uma meta cada vez mais difícil de atingir com um pool de investidores diluindo rapidamente o capital.
5. Um recente estudo observou que o ciclo médio de angariação de fundos para Micro VC é de 13 meses (com muitos chegando a 18 meses).

(*) Sócios da Bossa Nova Investimentos, empresa de Micro Venture Capital com mais de 150 investimentos realizados em startups no Brasil e no mercado internacional