O silêncio dominava nesta quinta-feira os arredores do Parlamento britânico, região ainda interditada pela polícia, enquanto, no interior da Câmara, os deputados prestavam homenagem às vítimas do atentado da véspera.

Em geral, esta zona do centro, onde as principais instituições dos três braços do governo têm sua sede, está repleta de homens e mulheres com pressa de chegar em seus escritórios.

A esta multidão de trabalhadores se somam milhares de turistas que vão fotografar o famoso Big Ben ou subir na roda-gigante London Eye.

Mas nesta quinta-feira reinava uma calma incomum. O palácio de Westminster estava mais fortificado. Os agentes da polícia realizam patrulhas ostensivas.

A praça do Parlamento e a Whitehall, a avenida que a conecta à Trafalgar Square, estão fechadas. Assim como a ponte de Westminster. E as bandeiras ondeiam a meio mastro.

O aumento da presença policial era notável.

“Fico tranquilo de ver tanta polícia nas ruas, definitivamente há nervosismo, se sente”, explicou à AFP Jason Llewelyn, um funcionário do governo que ia ao trabalho.

“Passo todas as manhãs pela ponte de Wesminster e é evidente que ocorreu algo muito grave aqui”, acrescentou.

– Londres não estava a salvo –

Os helicópteros sobrevoavam a zona, e a grande roda-gigante, a partir da qual centenas de turistas presenciaram o atentado, está fechada.

Além disso, no portão onde o criminoso esfaqueou um policial e foi abatido a polícia instalou uma tenda azul para seguir com os exames periciais. No chão ainda havia um pedaço de pano manchado de sangue, provavelmente ali desde o dia anterior.

Londres se livrou nos últimos anos dos grandes atentados sofridos por Paris, Bruxelas, Nice ou Berlim.

No entanto, as autoridades não pararam de advertir que a capital britânica não estava a salvo e, em sua escala para informar sobre a ameaça terrorista, o grau era o segundo maior, “severo”, que significa que era altamente provável que ocorresse.

Um responsável de segurança afirmou há pouco tempo que haviam sido frustrados 13 planos para atentar no Reino Unido desde junho de 2013.

– “Seguir vivendo” –

“Chegamos ontem e vimos a notícia na internet (…) não nos sentimos seguros”, explicou Stephanie Scheider, uma turista alemã de 20 anos.

Por medo de outro atentado, ela e sua amiga não irão ao Palácio de Buckingham, residência da rainha, como planejavam.

“É o único lugar que vamos evitar”, explicou.

Um pouco mais longe, um casal de turistas franceses, Elodie e Mickael, prefere relativizar.

“O risco está por toda parte, sabemos disso porque vivemos em Paris”, argumenta Mickael. “Não se deve parar, precisamos continuar vivendo normalmente”.

Jemma Jackson, uma enfermeira pediátrica britânica, se nega a se render ao medo. “Penso no que Theresa May disse ontem, e acredito que é justo falar que é preciso seguir vivendo como antes, e não ter medo”, explicou à AFP.

“Pode ser que as pessoas tenham um pouco de medo”, admite, “mas não vamos deixar que nos vençam”.

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