O secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Mágino Alves Barbosa Filho, disse hoje (22) que, após a operação da polícia realizada neste domingo no quadrilátero da Cracolândia – espaço onde se concentravam dependentes químicos no centro da capital paulista –, a área está livre do tráfico de drogas. Ele admitiu, no entanto, que o problema social existente na região não foi resolvido e precisa da atuação das esferas municipal e estadual.

“O que era conhecido como Cracolândia, a região do fluxo, essa região hoje está livre do tráfico de entorpecente. Isso não quer dizer que nós resolvemos o problema. Lógico que não. Você passa por lá, você vê muitos usuários ainda pela rua. O olhar do estado, o olhar da prefeitura precisa se voltar para lá”, disse em entrevista coletiva na tarde de hoje.

A operação policial realizada ontem espalhou os usuários de drogas que se concentravam na Cracolândia, na região da Luz. Na ação, conduzida essencialmente pela Polícia Civil, foi empregado contingente de centenas de homens, incluindo atiradores de elite, para prender as pessoas que atuavam nos pontos de venda de crack na área.

“O que está acontecendo [hoje, depois da operação] é que não existe o tráfico como ele existia. O que está acontecendo é que você tem lá o usuário, que não é bem o traficante, que está repartindo o entorpecente que ele tem com outras pessoas. E mesmo que ele esteja recebendo algum dinheiro, isso não quer dizer que aquele é o ato de tráfico que a gente estava vendo semana passada”, acrescentou o secretário.

Segundo a polícia, o tráfico na região estava sob o comando da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) desde 2013, sendo organizado com uso de seguranças armados, grupos específicos para distribuição de drogas, e utilizava inclusive máquinas para a venda com cartão de crédito.

Na operação, a polícia prendeu 50 pessoas, 48 delas por tráfico de drogas. Também foram apreendidos três adolescentes. Foram recolhidos 12,3 quilos de crack, 6,5 quilos de maconha, 655 gramas de cocaína, 6 gramas de haxixe, 18 gramas de ectasy, 2 micropontos de LSD, dois litros de lança-perfume, e R$ 49.611,00.

As tentativas anteriores de erradicação da Cracolândia com o uso de força policial não surtiram efeito a longo prazo. Passados alguns meses das operações, os usuários de drogas e traficantes voltaram a se concentrar nas ruas de região. Questionado sobre o que, dessa vez, faria com que a operação tivesse sucesso, o diretor do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), Ruy Ferraz Fontes, que coordenou a ação, disse que mudou a mentalidade da prefeitura, que agora “assumiu o território” depois da operação.

“O que [agora] foi diferente é que a prefeitura assumiu o território que havia sido, em tese, entre aspas, tomado pelo tráfico. Então mudou essa mentalidade. Na [operação] passada, em agosto, nós não tivemos essa atuação por parte da prefeitura”.

De acordo com Fontes, a polícia mantém na região um efetivo 120 homens do policiamento territorial com o reforço de mais 80 policiais militares, totalizando 200 agentes. No início da tarde, a polícia voltou a dispersar usuários de drogas que vagavam em grupos na área da Cracolândia.