A Rússia anunciou nesta sexta-feira (27) que pretende exportar 50 milhões de toneladas de grãos na próxima temporada, um forte aumento em relação ao ano atual, tendo como pano de fundo o risco de uma crise alimentar em razão de sua ofensiva contra a Ucrânia.

As exportações russas de grãos estão atualmente sendo retidas por sanções à cadeia de suprimentos e ao setor financeiro, enquanto as da Ucrânia são prejudicadas pela ofensiva dos militares russos.

“Nesta safra (2021-2022) já exportamos 35 milhões de toneladas de cereais, incluindo 28,5 de trigo, e até o final do ano agrícola (30 de junho, nota do editor) estamos calculando 37 milhões de toneladas de grãos exportados”, disse o ministro da Agricultura, Dmitry Patrushev, em um fórum de exportadores do setor.

“E na próxima temporada (a partir de 1º de julho de 2022) estimamos nosso potencial de exportação em 50 milhões de toneladas”, acrescentou.

A Rússia estima que a safra de 2022 será de 130 milhões de toneladas, ante 121,4 no ano passado.

A Rússia e a Ucrânia são potências agrícolas, seu trigo, milho e girassol, em particular, abastecem o mercado mundial.

O conflito desencadeado pela Rússia e as sanções adotadas em represália minaram o equilíbrio alimentar global, levantando temores de uma grave crise que afetará particularmente os países mais pobres.

O presidente russo, Vladimir Putin, disse estar pronto para ajudar a “superar a crise alimentar”, mas sujeitou tal postura ao levantamento das sanções contra Moscou, o que lhe rendeu acusações de chantagem.

Um alto funcionário do Kremlin admitiu na semana passada que a Rússia estava se preparando para essa crise já no final de 2021, mesmo antes do início do conflito ucraniano, em fevereiro de 2022, que Moscou negava preparar na época.