O saldo positivo do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) em fevereiro foi surpreendente, mas o movimento não deve se repetir em março, avalia o economista Luiz Castelli, da GO Associados. Para ele, a criação de novos postos de trabalho no País deve ocorrer de forma sustentada apenas no segundo trimestre.

“Provavelmente em março devemos voltar a ter um número negativo, devolvendo uma parte do resultado de fevereiro. De forma sustentada, acredito que a geração de empregos ocorra a partir de abril”, afirmou em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Para Castelli, os destaques ficaram com a indústria, que teve desempenho positivo pelo segundo mês consecutivo, e com o setor de serviços. “Os dados da indústria reforçam a percepção de que este é o setor que vai puxar a retomada. Já serviços teve um desempenho muito bom, especialmente por conta do segmento de educação – ainda que haja uma questão sazonal que influencia esse dado”, explicou.

Outro aspecto destacado pelo economista da GO Associados é o caráter mais difuso da criação de empregos em fevereiro, com bom desempenho na Agricultura e outros setores, além dos já mencionados. “O comércio, mesmo com fechamento de vagas, até que foi bem, apesar da sazonalidade.”

Para o resultado fechado de 2017, o economista projeta um saldo positivo de 150 mil vagas. Já a recuperação do mercado de trabalho aos níveis de 2014, na avaliação de Castelli, ainda deve demorar alguns anos. “Foram fechados 2,8 milhões de postos de trabalho entre 2015 e 2016. Com o estoque atual de 38,515 milhões de vagas, o Brasil só deve chegar aos 41 milhões de empregos em 2020”, afirma.

O Caged de fevereiro ficou positivo em 35.612 postos de trabalho, interrompendo uma sequência de 22 meses com saldo negativo de vagas. A última vez em que o dado mostrou a criação de empregos foi em março de 2015. Os dados foram apresentados nesta quinta pelo próprio presidente Michel Temer, fato inusitado e que sinalizou ao mercado que os números seriam positivos. Temer estava acompanhado do ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira.