A recuperação das commodities nesta quarta-feira, 29, em especial o petróleo, permitiu o retorno do apetite por risco e incentivou as moedas emergentes, entre elas o real. Ainda assim, a cautela com alguns desdobramentos internos limitou a queda do dólar. Investidores estão de olho no anúncio do contingenciamento deste ano – que deve ser acompanhado de aumento de impostos – e no julgamento da chapa Dilma Rousseff/Michel Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O dólar à vista no balcão terminou com queda de 0,71%, a R$ 3,1178, após subir em cinco dos seis pregões anteriores, acumulando alta de 2,18% nesse período. O giro registrado na clearing de câmbio da BM&FBovespa hoje foi de US$ 1,045 bilhão. No mercado futuro, o dólar para abril recuava 0,65% por volta das 17h15, a R$ 3,1235. O volume financeiro somava US$ 13,289 bilhões. O dólar caía de forma generalizada ante outras moedas emergentes e de países exportadores de commodities, como o peso mexicano (-1,60%), o dólar australiano (-0,43%) e o rublo russo (-0,42%).

O petróleo WTI para maio avançou 2,05%, a US$ 49,36 o barril, enquanto o minério de ferro na China teve valorização de 1,5%, a US$ 81,9 a tonelada. “O dólar tende a enfraquecer na medida em que o S&P 500 e as commodities cicatrizam a sua queda. Ocorre, no entanto, uma limitação desse movimento, com dúvidas quanto à reforma da Previdência, processo no TSE e ansiedade por aviso das medidas do governo para cobrir o rombo do Orçamento”, comenta o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Junior, em relatório.

Hoje, um dia depois de o TSE definir o início do julgamento da chapa de Dilma/Temer para o dia 4 de abril, os ministros Gilmar Mendes e Luiz Fux disseram que não é possível prever quanto tempo será necessário para concluir a análise do caso. “Não dá (pra prever), porque a gente não sabe quantos incidentes vamos ter. Vamos aguardar”, disse Gilmar, que preside o TSE. Segundo ele, independentemente da decisão que o TSE tomar, caberá recurso ao STF.

Enquanto isso, os investidores aguardam o anúncio do contingenciamento. Pela manhã, estudo da Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda apontava que não é possível cobrir o rombo de R$ 58,2 bilhões só com cortes de gastos. No entanto, poucas horas depois o ministro Henrique Meirelles teria dito em evento promovido pelo BofA em São Paulo que um aumento de impostos este ano já não é tão inevitável hoje como era na semana passada.