A bancada do PSB na Câmara está coletando assinaturas para que a Executiva Nacional do partido reveja a decisão de fechar questão contra as reformas previdenciária e trabalhista. A ala governista da sigla alega que no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff os deputados não foram obrigados a votar de acordo com a orientação do partido, portanto não será agora que serão forçados a votar contra as reformas.

A líder Tereza Cristina (MS) disse que foi procurada por deputados que não concordaram com a decisão da cúpula do PSB para que produzisse um documento solicitando a reconsideração da medida. Caso o pedido não seja atendido, o grupo pede que o presidente da sigla, Carlos Siqueira, considere o documento como um recurso formal à Executiva.

Tereza acredita que o recurso deverá ter a adesão de mais de 20 parlamentares da bancada até o final do dia. “O partido é plural e a medida (fechamento de questão) deixa o partido singular”, criticou.

No documento, ao qual o Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, teve acesso, o grupo governista diz que a divergência e a dissidência sempre foram respeitadas no partido, “mesmo em momentos de contradição interna, quando, por exemplo, o partido decidiu apoiar o candidato Aécio Neves no segundo turno da eleição de 2014, algo impensável poucos anos antes”. “Consideramos inadequado o fechamento de questão contra as reformas trabalhista e previdenciária na forma como decidido pela Executiva Nacional do Partido, o que engessa o debate e não possibilita a busca de alternativas para a grave conjuntura que atravessamos”, completa o recurso.

Simpatizante do governo Temer, o deputado Danilo Forte (PSB-CE) é um dos apoiadores do recurso e disse que se no impeachment o partido não causou desconforto, agora não pode “tolher” a liberdade dos que querem votar pelas reformas. “O partido não é stalinista, de posição fechada”, afirmou.

O deputado Tadeu Alencar (PSB-PE) se recusou a assinar o pedido de reconsideração. “Não vou assinar o documento. Assina quem está inconformado com a decisão da Executiva”, disse.

Tereza – que já pediu desligamento da função de vice-líder do governo – disse não saber se o pedido de revisão da decisão tem chances de prosperar. Parlamentares contrários ao apoio ao Palácio do Planalto dizem que o documento será inócuo. “Não podem querer mudar uma decisão da Executiva”, disse o deputado Júlio Delgado (PSB-MG).