Uma nova rodada de medidas protecionistas a ser tomada pelos Estados Unidos deve colocar a Organização Mundial do Comércio (OMC) em uma “saia justa” em relação ao aço, na avaliação do banco de investimentos Brown Brothers Harriman (BBH). A medida estudada pelo governo de Donald Trump pode respingar no Brasil, que é um dos cinco maiores exportadores de aço para o país.

Desde a campanha eleitoral, o presidente americano, Donald Trump, ressaltou que deseja fazer com que as obras no país sejam feitas com aço americano e, ao assumir o comando da Casa Branca, assinou um decreto que ordena uma revisão sobre as importações de aço dos EUA. No fim deste mês, esse estudo será entregue pelo secretário do Comércio, Wilbur Ross, deixando a questão sobre como a indústria siderúrgica dos EUA será protegida pelo governo Trump. “Esse setor já é altamente protegido e o preço do aço americano é mais alto do que os preços mundiais”, segundo o BBH.

Em relatório a clientes, o banco mostra que, em 2016, os EUA importaram aço de 110 países e territórios e as cinco nações que mais exportaram aço para os americanos foram Canadá, Brasil, Coreia do Sul, México e Turquia.

De acordo com o BBH, a imposição de uma nova rodada de protecionismo por parte do governo Trump “criará um perigoso dilema, que avaliará a resiliência do regime de comércio internacional”. Para o banco, se a decisão da OMC for contrária aos EUA, o governo Trump pode optar por ignorar a decisão, como já ameaçou fazer. “Isso desafiaria a autoridade institucional da OMC, colocando o sistema multilateral, que os EUA ajudaram a construir, em risco.”

“Alternativamente, caso as regras da OMC sejam a favor dos EUA, isso provavelmente estimularia outros países a imitar o protecionismo americano e estimular uma nova forma de comércio, enfraquecendo os ideais e práticas de livre comércio”, comenta o BBH.