O dólar caiu com força nesta tarde de quarta-feira, 23, fechando no patamar de R$ 3,13, depois que o governo anunciou uma série de propostas de privatizações, com destaque para o leilão de 14 aeroportos, incluindo Congonhas, e a desestatização da Casa da Moeda. A divisa americana já havia renovado mínimas horas antes, após a aprovação, em comissão mista, da criação da Taxa de Longo Prazo (TLP), que balizará os empréstimos do BNDES a partir de 2018. Entre os fatores externos que ajudaram a pressionar a moeda está a alta de mais de 1% do petróleo.

Anunciado pelo Programa de Parceria de Investimentos (PPI), a lista de concessões entre 2017 e 2018 tem 57 projetos e prevê investimentos de R$ 44 bilhões. O leilão de 14 aeroportos, incluindo Congonhas, tem previsão para o terceiro trimestre de 2018, enquanto a desestatização da Casa da Moeda – que está em dificuldade financeira e tem registrado prejuízos – está prevista para o quarto trimestre. Para este ano, o Ministério da Fazenda apresentará a modelagem da concessão da Loteria Instantânea Exclusiva (Lotex), conhecida como “raspadinha”.

De acordo com o diretor de gestão de renda fixa e multimercados da Quantitas, Rogério Braga, o mercado já vinha animado em meio às especulações de outras propostas de privatizações, após o anúncio da Eletrobras. “As especulações surgiram em decorrência da decisão da Eletrobras e esse clima contagiou os mercados”, disse Braga.

Para o gerente de mesa de câmbio do banco Ourinvest, Bruno Foresti, há otimismo também em relação ao leilão em torno da Cemig neste ano e o destravamento do Refis. Segundo o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, o governo não desistiu de fazer o leilão da Cemig, “que deve sair ainda neste segundo semestre”, enfatizou.

A moeda americana já tinha renovado mínimas no início da tarde diante da aprovação da TLP em comissão mista do Congresso, por 17 votos a 6. O próximo passo agora é levar o texto para a apreciação do plenário da Câmara dos Deputados, que deve votá-lo entre esta quarta (23) e quinta-feira (24).

“A aprovação da TLP mostra um pouco mais de força no capital político do governo e aumenta a expectativa com a aprovação da reforma da Previdência”, pontuou Foresti, do Ourinvest. Braga, da Quantitas, compartilha da mesma opinião, mas destaca também o impacto que ela terá na política monetária e fiscal, uma vez que a tendência é de juros mais baixos.

No mercado à vista, o dólar terminou em baixa de 0,97%, aos R$ 3,1393. O giro financeiro somou US$ 1,19 bilhão. Na mínima, a moeda ficou em R$ 3,1344 (-1,12%) e, na máxima, aos R$ 3,1707 (+0,02%).

No mercado futuro, o dólar para setembro caiu 0,71%, aos R$ 3,1460. O volume financeiro movimentado somava cerca de US$ 11,60 bilhões. Durante o pregão, a divisa oscilou de R$ 3,1390 (-0,93%) a R$ 3,1760 (+0,23%).