“Uma gota no oceano”. Reciclando garrafas de plástico para fabricar pranchas de surfe, Carolina Scorsin tenta, à sua maneira, combater a contaminação nas praias catarinenses.

Com o marido, Jairo Lumertz, ex-surfista profissional, Scorsin, de 37 anos, fundou há dois anos o projeto Prancha Ecológica.

Além de recuperar resíduos espalhados na praia de Garopaba, no estado de Santa Catarina, o casal percorre escolas para explicar às crianças a importância de se preservar o meio ambiente.

“Com nossas pranchas ecológicas, queremos abrir a mente para que em seu momento possam encontrar soluções para reciclar os resíduos”, explicou Jairo, de 43 anos, antes de fazer uma demonstração para uma classe na quarta-feira, dia mundial da reciclagem.

O processo de fabricação é simples: algumas garrafas de dois litros são cortadas, montadas umas sobre as outras e, assim, se formam várias fileiras que são fixadas sobre uma estrutura de madeira.

Estas pranchas permitem que famílias pobres surfem com um material muito mais acessível do que as caríssimas pranchas fabricadas nesse mercado lucrativo, impulsionado pelos excelentes resultados dos surfistas brasileiros nos últimos campeonatos mundiais.

Gabriel Medina venceu o primeiro título do Brasil em 2014 e Adriano de Souza seguiu seus passos no ano seguinte.

‘Construir um mundo melhor’

Mas as pranchas feitas à base de garrafas também podem ser adaptadas para a prática de outros esportes náuticos, com variações do Wake Board e do Stand up paddle.

“É algo que pode começar a ser feito em casa separando os resíduos. A prancha feita de garrafas demonstra que o plástico pode ter um grande valor. Pode ser reutilizado”, explica Jairo às crianças que o escutavam.

O Brasil é um grande produtor de resíduos com uma média de 385 kg por pessoas por ano. Apenas 15% da população têm acesso à reciclagem.

Nas pequenas cidades costeiras, a poluição se multiplica por dez por causa da falta de sensibilização e de responsabilidade dos organismos públicos.

“Esta gota no oceano pode fazer a diferença se as pessoas se comprometem e compreendem que é possível construir um mundo melhor”, concluiu Carolina.

Quando o surfe estrear como esporte olímpico nos Jogos Olímpicos de Tóquio-22022, seus valores de respeito à natureza se propagarão graças a iniciativas como a do casal de surfistas de Garopaba que viram em garrafas plásticas algo além do lixo.