Durante quase duas décadas, a brasileira Pósitron ocupou posição de destaque no mercado brasileiro de som e equipamentos automotivos. Em menos de dez anos de existência, a principal marca da PST Eletronics, fundada em 1988 por quatro jovens estudantes de engenharia eletrônica da Unicamp, em Campinas (SP), disputava cabeça a cabeça com gigantes japonesas e americanas, como Pioneer, Kenwood, JVC e Sony. No segmento de alarmes, liderava com folga. No auge da empresa, em 2013, a receita atingiu R$ 500 milhões, embalada pelo bom momento da indústria automobilística. “Quem olhava para a empresa enxergava um exemplo a ser seguido”, diz o consultor automotivo Vicente Coutinho. “A Pósitron era o nome certo em palestras de motivação empresarial, daquelas que destacam como pequenas ideias resultam em grandes empresas.”

Desde o fim de 2013, no entanto, a PST Eletronics foi, digamos, do céu ao inferno. Com a retração das vendas de veículos, que despencaram de 3,5 milhões de unidades, há quatro anos, para os atuais 2 milhões, a empresa ficou em apuros, registrando 34 meses consecutivos de prejuízos e perdas acumuladas de R$ 100 milhões. “Não conseguimos reagir nem à nova realidade do mercado, nem à evolução da concorrência”, admite o CEO Caetano Ferraiolo. O executivo foi recrutado pelo fundo americano Stoneridge, que acaba de adquirir 100% do capital da empresa, por cerca de R$ 100 milhões, incluindo assunção de dívidas.

Com a aquisição, os fundadores Sérgio de Cerqueira Leite, Marcos Ferretti, Ichiro Aoki e Newton Eiji Fuji deixam suas funções na companhia. “As mudanças fazem parte de uma nova fase da empresa, com novas estratégias e novos produtos”, diz Ferraiolo. Essa nova fase da empresa mira, principalmente, no mercado de rastreadores. Com a disparada dos casos de roubo de cargas, que apenas nas estradas paulistas subiu 37,2% de janeiro a maio deste ano, na comparação ao mesmo período de 2016, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado São Paulo, esse mercado não para de crescer. “Estamos fechando convênios com seguradoras, aprimorando nossas tecnologias e fortalecendo a marca Pósitron no único mercado de eletrônicos automotivos que ainda cresce”, diz Ferraiolo.

Neste ano, 30% da receita de aproximadamente R$ 370 milhões virá das vendas de rastreadores para carros, caminhões e cargas. A cifra representará um crescimento de 10% sobre o ano passado. Conseguir reencontrar o caminho da lucratividade, ao que tudo indica, não será uma tarefa simples para a Pósitron, que manterá toda sua produção em Campinas e na Zona Franca de Manaus. O mercado de rastreadores é dominado por gigantes como a Graber, da brasileira Omnilink, e a israelense Ituran. Juntas, elas detêm mais de 70% do setor. “Fizemos a nossa lição de casa e estamos preparados para disputar a liderança nos setores voltados à segurança”, diz Ferraiolo.