A economia começa, sim, a andar no trilho. As exportações, especialmente de commodities, são responsáveis por boa parte dessa arrumação. Mas o Brasil ainda é tido e havido como um País demasiadamente protecionista, fechado a parcerias, atrasado nas negociações multilaterais, distante da globalização e de melhores posições no mercado internacional. Praticamente anda de lado quando a análise é sobre a sua presença percentual nos resultados estatísticos de participação no comercio intercontinental ao longo dos anos.

O diagnóstico demolidor foi emitido pela poderosa OMC, a organização que atua como um xerife da praça e que tem, por isso mesmo, os dados mais precisos sobre o status de cada nação nesse jogo. Diz a OMC que o Brasil não fez qualquer mudança significativa na formulação de suas políticas de exportação e importação nos últimos quatro anos. Mais grave: aponta que as empresas nacionais ficaram ao longo desse período dependentes de estímulos. E que tais incentivos – concentrados no pacote de desonerações praticadas irresponsavelmente pelo governo Dilma – não melhoraram a indústria e as demais áreas da atividade produtiva. Ao contrário.

Serviram para torná-las ainda menos eficientes e resistentes à competitividade. Em suma: os programas oficiais minaram as forças do parque local e a disposição para crescer e concorrer. Diversos setores foram afetados, da mineração aos bancos, passando inclusive pela promissora área do agronegócio. O recuo na projeção desses negócios é sentido, inclusive, com a perda de capital humano qualificado e de investimentos em pesquisa. A conta do prejuízo desse verdadeiro desmantelamento da produção brasileira ainda demora a ser paga.

Ela é maior se considerados os desvios em série via corrupção e o mau hábito, inaugurado por Lula, de criar uma espécie de clube dos campeões – grupos empresariais que eram mais beneficiados que os demais, com crédito e protecionismo, para controlar mercados. Os tais campeões de Lula foram, aos poucos, um a um, caindo em desgraça por motivos variados. E nesse rol se incluem as companhias do ex-bilionário Eike Batista e a corporação dos reis da carne, Joesley e Wesley Batista, que estão se desfazendo de várias de suas marcas.

No relatório, a OMC aponta, sem meias palavras, que o Brasil errou feio em seu modelo, que regrediu anos na área de inovação e que ainda apresenta preços demasiadamente caros nos produtos – em virtude, naturalmente, da pesada carga de impostos. No resumo do quadro, o País vai ficando na rabeira do desenvolvimento ao lado dos mais atrasados e com uma cultura cada vez mais protecionista. Não pode mais sequer figurar no plantel de emergentes. Foi o que restou depois de tantas barbaridades econômicas incensadas por gestões petistas.

(Nota publicada na Edição 1028 da Revista Dinheiro)