A pedido do governo, o líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi (SP), começou nesta terça-feira, 25, a coletar assinaturas de deputados favoráveis ao “fechamento de questão” na votação da reforma da Previdência. No jargão político, o termo é utilizado quando o partido enquadra seus parlamentares e adota posição única sobre como cada um deve votar. Nesse caso, quem desrespeitar a ordem corre o risco de punição.

Na tentativa de neutralizar a rebelião no PSB, que fechou questão contra as reformas trabalhista e da Previdência, o Palácio do Planalto orientou o PMDB a reagir. A bancada peemedebista é a maior da Câmara, com 64 deputados, e a iniciativa do abaixo assinado tem o objetivo de demonstrar que a maioria está com a proposta do governo.

O problema é que o PMDB continua rachado e tem dado dor de cabeça ao presidente Michel Temer. No Senado, por exemplo, o líder do partido, Renan Calheiros (AL), é um crítico contumaz das propostas do Planalto.

Em conversas reservadas, interlocutores do presidente argumentam que a cúpula do PMDB só não marcou ainda a reunião da Executiva Nacional para aprovar o fechamento de questão na reforma da Previdência porque não há consenso no partido. “Não há esse racha. Se a bancada pedir, marcaremos a reunião da Executiva”, amenizou o presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR). Líder do governo no Senado, Jucá é favorável ao posicionamento único do partido, para evitar surpresas e traições no plenário.

A reforma da Previdência é considerada fundamental pelo governo para que Temer possa dar ao mercado e à sociedade sinais de que a economia vai se recuperar. Até agora, no entanto, o Planalto enfrenta muitas dificuldades para obter apoio à proposta.

A pressão de eleitores às vésperas das disputas de 2018 assusta os parlamentares. Além disso, muitos usam esse argumento para conseguir nomeações no governo.

O Planalto quer que os aliados fechem questão na votação relativa às mudanças nas aposentadorias – como mostrou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, na semana passada – e cobra dos ministros indicados por partidos o enquadramento das bancadas. Na avaliação de auxiliares de Temer, o fechamento de questão dá discurso aos deputados e senadores que temem o troco nas urnas, nas eleições de 2018, caso apoiem a reforma da Previdência. Motivo: com a decisão partidária tomada, eles podem alegar que foram obrigados a votar pela aprovação das mudanças nos benefícios do INSS.