Um projeto de pesquisadores das universidades Estadual Paulista (Unesp) e de São Paulo (USP) reúne diariamente os dados relacionados à pandemia do novo coronavírus (covid-19) em 91 cidades do estado. A partir dos dados disponibilizados pelas prefeituras, a plataforma gera informações que permitem o acompanhamento da evolução da doença em cada município e comparações entre eles.

A iniciativa foi desenvolvida dentro do Centro de Ciências Matemáticas aplicadas à Indústria com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. São compiladas informações como número de casos confirmados, destacados e mortes causadas pela doença desde o final de março. A partir dessas informações, a plataforma calcula informações como o crescimento do número de casos, o percentual de casos descartados e a quantidade de mortes para cada grupo de 100 mil habitantes.

Previsões

Segundo responsável pelo projeto, Wallace Casaca, professor da Unesp em Rosana, depois de alguns testes também serão divulgadas previsões de evolução das doenças a partir do fim desta semana. “A gente pegou os dados e compilou para inferir quantos óbitos e novos casos da covid-19 cada departamento de saúde vai ter. A gente compilou esses dados e agrupou e agora a gente vai disponibilizar estimativas que quantos casos vai ter daqui a duas semanas, três e um mês”, disse.

As estimativas vão ser baseadas em modelos matemáticos, a partir das tendências que os próprios dados têm apresentado nos últimos meses, junto com o trabalho de inteligência artificial. “A gente pegou dados da semana retrasada e testou [as previsões] para a semana passada e teve uma acurácia bem alta”, explicou Casaca sobre os resultados preliminares da nova ferramenta.

Checagem de informações

A ideia é que a plataforma seja, de acordo com Casaca, tanto uma forma de informar a população, quanto permitir o acompanhamento das ações do Poder Público. “Tanto para fins de informação quanto para fins de auditoria”, enfatiza o pesquisador. Ele explicou que, a partir do sistema, é possível observar, por exemplo, quais dados as prefeituras deixaram de atualizar.

“Têm cidades em que os números de casos confirmados é menor do que os de descartados, o que mostra que esse município não está testando”, disse Casaca sobre observações que podem ser feitas a partir da plataforma. 

Ele explicou que o normal é que existam cerca de três ou quatro casos descartados a cada confirmação, e que números menores do que esses podem ser um indicativo de que estão sendo feitos testes apenas em situações mais extremas, aumentando a subnotificação.

Em menos de dois meses de funcionamento, a plataforma já recebeu, de acordo com o professor, 46 mil visitas. Por dia são, segundo ele, em média 200 usuários, número que chega até 3,7 mil em ocasiões de maior movimento.