A vida não está fácil para a Abengoa. A multinacional espanhola, que está em recuperação judicial, viu um de seus potenciais compradores desistir do negócio. O Fatima Group, um dos maiores grupos empresariais do Paquistão, com atuação em energia, agronegócio e mineração, encerrou as negociações nos últimos dias. Apesar do estágio avançado para a compra da empresa que tem uma série de contratos para a construção de linhas de transmissão de energia, o Fatima avaliou que os riscos na operação, somados ao conturbado momento político brasileiro, inviabilizavam o negócio. “Há muitas contingências no balanço que dificultam o investimento”, diz uma pessoa que participou das negociações e pediu anonimato.

Maré ruim

Esse foi o segundo viés negativo para a Abengoa em um mês. No final de abril, a unidade de bioenergia perdeu uma ação que movia contra a usina brasileira Adriano Ometto Agrícola, no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A corte brasileira desconsiderou uma decisão arbitral dos Estados Unidos, a favor da Abengoa. O escritório de advocacia do presidente do trio arbitral americano recebeu US$ 6 milhões da multinacional espanhola, o que colocou o voto a favor dos espanhóis sob suspeita. Essa foi uma decisão histórica do STJ. A última vez que o Brasil deixou de homologar uma sentença americana por violação de independência do julgador aconteceu em 1824.

(Nota publicada na Edição 1020 da Revista Dinheiro, com colaboração de: Hugo Cilo, Márcio Kroehn e Paula Bezerra)