Na década passada, investimento em títulos lastreados por ativos imobiliários e banco Ourinvest eram quase sinônimos. Nascido como uma fundidora de ouro em 1979, vinte anos mais tarde o Ourinvest fincou bandeira nesse mercado com a ajuda de Fábio de Araújo Nogueira, executivo que comandara as áreas de crédito imobiliário do Citibank e do BankBoston. Nogueira achava que havia espaço para uma empresa que lançasse fundos e títulos com lastro em ativos imobiliários.

“Fui vender a ideia durante um almoço, e as conversas duraram seis horas”, recordaria Nogueira, que montou um negócio bilionário com o apoio do sócio Moise Politi, do Ourinvest. Ambos saíram em 2012, quando todas as atividades imobiliárias, reunidas na Brazilian Finance and Real Estate (BFRE) foram vendidas ao BTG Pactual por R$ 1,2 bilhão. Com o dinheiro, veio uma obrigação de ficar fora do setor por quatro anos, que expiraram no início de 2016. “Foi quando começamos a pensar no assunto de novo”, diz Alberto Alves, atual diretor responsável pela área imobiliária.

Na terça-feira 25, o Ourinvest formalizou essa volta ao encerrar a captação de R$ 72 milhões em um fundo lastreado em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), cujas cotas serão negociadas em bolsa a partir de maio. A ideia é comprar papéis cuja rentabilidade supere a das Notas do Tesouro Nacional de série B de cinco anos. “Esses papéis estão pagando juros de 5% ao ano mais inflação, e vamos buscar CRIs que rendam mais”, diz Nelson Campos, diretor responsável pela distribuição do fundo.

O momento é bastante propício. “A expectativa é de queda dos juros, e isso deverá sustentar uma alta dos preços dos papéis, melhorando o ganho final para o cliente”, diz Alves. Nos próximos meses, o Ourinvest pretende lançar uma empresa de securitização de ativos imobiliários e uma gestora de fundos. “O mercado passou por uma crise muito grave, mas está se recuperando e queremos aproveitar esse momento”, diz Campos.