Dois dias após a aprovação das mudanças nas regras trabalhistas na Câmara dos Deputados, manifestações realizadas por centrais sindicais e movimentos sociais interromperam transportes e serviços essenciais por todo o Brasil na sexta-feira 28. A greve geral foi convocada em protesto às duas principais reformas propostas pelo governo do presidente Michel Temer: a do trabalho e a da Previdência. Ao menos 16 pessoas foram presas na capital paulista. A mobilização envolveu desde profissionais ligados aos sistemas de transportes públicos, até professores da rede particular de ensino, além de petroleiros, bancários, aeroviários, policiais civis e outras categorias.

Na capital paulista, ônibus não circularam e a maioria das linhas de trens e do metrô não funcionaram. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) registrou apenas 16 km de vias paradas até as 10h, abaixo do padrão para o horário, que varia entre 58 e 80 km. Com pneus queimados, poucos manifestantes montaram barricadas e pararam rodovias, entre elas Régis Bittencourt, Via Dutra e Anhanguera. No Rio de Janeiro, as forças de segurança também aderiram ao movimento. Eles foram acompanhados por motoristas e cobradores, além dos servidores do Poder Judiciário e professores da rede pública.

Em Brasília, as vias que dão acesso ao Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek foram bloqueadas no começo do dia. No Congresso Nacional, a segurança foi reforçada, e o acesso à Esplanada dos Ministérios por carro esteve fechada durante todo o dia. Em referência a ato semelhante protagonizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), um pato amarelo foi erguido pela União dos Policiais do Brasil (UPB), desta vez com uma máscara de Zorro. Em frente ao Ministério da Saúde, uma faixa dizia: “Diga não à PEC do Caixão”, em referência à reforma da Previdência. A Tropa de Choque utilizou bombas de efeito moral e balas de borracha para dispersar um protesto que interditou uma via de acesso à rodoviária no Rio de Janeiro. Apesar dos protestos, muitos serviços continuaram funcionando, inclusive os aeroportos de São Paulo e do Rio.

A reforma trabalhista aprovada na Câmara altera 200 pontos da CLT e traz como principais mudanças a prevalência de acordos coletivos sobre a legislação e o fim da cobrança do imposto sindical obrigatório – o que as centrais sindicais mais temem. Os sindicatos se queixam de prejuízo aos trabalhadores. “Esta é uma manifestação que tem como objetivo único a defesa dos direitos da classe trabalhadora”, afirmou Ricardo Patah, presidente nacional da União Geral dos Trabalhadores (UGT). Para o governo, a greve geral foi um fiasco e teve motivação política. “O governo percebe o fracasso dessa movimentação”, afirmou, pela manhã, o ministro da Justiça, Osmar Serraglio.