Empresários e investidores do mercado financeiro estão animados com a mudança no BNDES. Cultivam a esperança de o Banco, finalmente, voltar a abrir o caixa e emprestar mais. Nos últimos tempos, o represamento tinha sido a tônica da gestão da antecessora, Maria Silvia Bastos Marques, substituída há pouco mais de uma semana pelo economista Paulo Rabello de Castro. Ao trocar a direção do IBGE pelo banco, Castro aprimora sua sintonia fina com os rumos da retomada.

Tido e reconhecido pelo seu bom relacionamento com o empresariado, ele conhece a fundo as aflições e necessidades desse público. E já disse a que veio. No seu discurso de posse, ele apontou que o País está carente de desenvolvimento e precisa de mais ação por parte do BNDES para reagir. É fato, não há País que consiga seguir adiante – ou sair de circunstâncias de eventuais atoleiros – sem o financiamento do Estado aos setores vitais de infraestrutura, tecnologia e ao universo (sempre carente de recursos) de médias, micro e pequenas empresas.

Castro está ciente disso. Afinado com o ministro Moreira Franco, que empreende um amplo projeto, batizado de PPI – Programa de Parcerias de Investimento –, o novo presidente do BNDES tem em caixa mais de R$ 150 bilhões para injetar na economia, e está disposto a mudar o panorama de asfixia financeira da iniciativa privada rapidamente. Não deixa de ser notícia promissora e bem-vinda. No atual estágio de queda dos juros e de inflação, o BNDES deve voltar a ter o papel de motor de arranque, animando os tomadores a desengavetar projetos de expansão ou de lançamento de novas unidades produtivas. Pressa na liberação de aportes é o que pede o empresariado. Na avaliação geral, eles vão ter com Castro uma espécie de atacante que sabe fazer gols.

Mesmo que para isso não mude – como não é sua intenção – os critérios mais rígidos de desembolso de crédito estabelecidos pela antecessora, Maria Silvia. Partilhando da mesma doutrina de rigidez fiscal como saída para evitar abusos e erros de análise, Castro não gosta da ideia implantada na era petista dos chamados “campeões”, aqueles grupos regiamente patrocinados pelo governo, que tiveram benevolência além do limite no BNDES e depois se mostraram parceiros de esquemas nada republicanos. Ele acredita, isto sim, na democratização dos financiamentos e na ampliação da gama de setores atendidos como forma de distribuição mais justa e eficiente em prol do desenvolvimento. Uma alternativa, sem dúvida, animadora para a maioria.

(Nota publicada na Edição 1021 da Revista Dinheiro)