A administração do presidente americano Donald Trump propôs uma redução nos investimentos em ajuda humanitária a países estrangeiros. “Trata-se de um terrível erro”, afirma ninguém menos do que Bill Gates, o homem mais rico do mundo. Em dois textos publicados em seu site, o fundador da Microsoft relata os motivos pelos quais deixar de ajudar os outros pode ser um tiro pela culatra, em especial para os trabalhadores americanos. “Eu começo pela premissa que todo mundo ganha quando há mais países de renda média no mundo”, afirmou Gates.

O Japão é utilizado como exemplo de como a ajuda humanitária é positiva não somente para quem a recebe, mas também para quem a oferece. Em 1986, a Microsoft instalou em Tóquio seu primeiro escritório estrangeiro. Em pouco tempo, era o mais rentável da companhia. “Na década de 1980, a economia japonesa era uma das que mais crescia no mundo”, diz o empresário. “Mas, alguns anos antes, o país estava devastado pela guerra e só se recuperou graças, em grande parte, à ajuda americana.” Esse ciclo está se repetindo, atualmente, em outros países do mundo, como a Coreia do Sul, o México, o Vietnã, a Tailândia e, inclusive, o Brasil, escreve Gates.

“Inúmeras companhias americanas estão fazendo negócios nesses lugares”, diz o bilionário filantropo. Ele ressalta que a ajuda humanitária, sozinha, não vai resolver os problemas de país algum. Porém, ela consiste em um importante auxílio, além de uma ferramenta de diplomacia empresarial, já que a USAID, agência humanitária americana, tem por política encorajar a iniciativa privada a participar dos seus programas. Dessa forma, patrocina a conexão entre companhias e potenciais consumidores. “Esses esforços fazem parte da liderança econômica global dos EUA. Retroceder, no momento em que outros países aumentam os investimentos, priva empresas americanas de novos mercados e as torna menos competitivas”, diz Gates.

(Nota publicada na Edição 1028 da Revista Dinheiro)