Banida do país desde a revolução que derrubou Muamar Kadafi, em 2011, a construtora brasileira Odebrecht perdeu em definitivo um de seus mais importantes contratos na África: a construção do novo Aeroporto Internacional de Trípoli. A obra era avaliada em € 1 bilhão e deveria permitir o fluxo de 20 milhões de passageiros por ano. A companhia brasileira fazia parte de um consórcio de seis empresas, incluindo Vinci, da França; e TAV, da Turquia.

Com a mudança de regime, a ambição do terminal também ficou menor: agora, o consórcio italiano Aeneas comandará a reconstrução de um terminal internacional com capacidade para 4,5 milhões de passageiros por ano, e de um nacional par 2,5 milhões de passageiros, segundo o diretor do Departamento de Projetos do Ministério dos Transportes, Sami Al-Aich. O grande projeto de Kadafi foi abandonado em favor de outro bem mais modesto, avaliado em € 79 milhões.

A obra do primeiro terminal é tratada como uma urgência pelo governo de união nacional do país, apoiado pela Organização das Nações Unidas (ONU), porque o terminal anterior foi destruído ao longo da guerra civil que se seguiu à derrubada do regime. Há dois meses, as últimas milícias que ainda ocupavam o aeroporto foram derrotadas, e o governo central assumiu o controle da área O próximo passo é a retomada da obra, cuja primeira etapa precisa ser concluída em dez meses.

Ambição

Na era Kadafi, o projeto do Aeroporto Internacional de Trípoli era uma obra ambiciosa, criticada pelos opositores do regime como faraônica e suspeita de corrupção em larga escala. Nos sonhos do ditador, o aeroporto serviria como o grande hub na porta de entrada da África, assim como centro de distribuição da companhia aérea nacional, a Afriqiyah Airways. Hoje, em razão da guerra civil, todos os voos internacionais são realizados por companhias líbias a partir de um aeroporto militar, o de Mitiga, hoje saturado. Nos últimos meses, governo líbio de coalizão chegou a contatar emissários para convidar a Odebrecht a retomar os trabalhos, mas acabou optando pela contratação de um novo consórcio.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.