Uma coisa é certa: das grandes filas formadas nas agências da Caixa Econômica Federal para o saque das contas inativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), medida promovida pelo Governo Federal para estimular a economia, sairão alguns empreendedores do setor de franquias. Usar o FGTS para abrir o próprio negócio é uma prática antiga dos brasileiros. E trata-se de uma boa ideia. Investir seu próprio dinheiro ainda é a melhor maneira de empreender, segundo especialistas ouvidos pela DINHEIRO.

Isso porque os juros de financiamento no Brasil são proibitivos e há uma falta de linhas de crédito especiais para quem quer se tornar empresário. Dar o primeiro passo endividado é um passo quase certo em direção ao buraco. Há, no entanto, um alento para o empreendedor. Pode ser interessante a contratação de linhas de crédito complementares, para ajudar nos momentos iniciais da empresa em gestação, seja para inteirar a taxa para a franquia, seja para auxiliar no capital de giro dos primeiros meses.

Para isso, alguns bancos, particularmente os públicos, oferecem condições especiais, embora não exista ainda nenhuma política pública especializada em financiamento para o setor de franchising. “Atualmente as melhores condições são oferecidas pelo Banco do Brasil e pela Caixa, por meio do Proger”, analisa José Carlos Semenzato, fundador da rede de ensino Microlins e responsável pela SMZTO Holding, que possui mais de 700 franquias pelo país. O empresário se refere ao Programa de Geração de Renda com taxas subsidiadas pelo governo com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). “Mas os recursos são pequenos e contingenciados”, diz.

Os bancos privados também têm suas linhas especiais e conseguem oferecer condições melhores dependendo da franqueadora – quanto mais consolidada for a companhia que está vendendo a franquia, maior a chance de se conseguir a aprovação do financiamento. Uma alternativa é, ainda, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que oferece o Cartão BNDES, linha especial voltada para micro e pequenas empresas. Há, no entanto, uma ressalva quanto à política de crédito adotada pelo banco nos últimos anos, considerada muito restritiva em relação às franquias.

MAIS AJUDA Para o presidente da Associação Brasileira de Frachising (ABF), Altino Cristofoletti Júnior, falta uma estrutura adequada para financiamentos ao segmento. “O grande problema são as garantias, porque normalmente o empreendedor se desfez de bens para conseguir investir”, diz. Para suprir essa ausência de garantias, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) dá suporte com o Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (FAMPE), uma espécie de avalista em operações de créditos para micro e pequenas franquias. Ele ajuda na aprovação da ficha no banco e garante até 80% do financiamento de alguns itens, como obras civis e compra de equipamentos. A maioria dos bancos, públicos e privados, operam linhas com garantia do FAMPE.

Algumas franqueadoras também oferecem condições de financiamento para seus parceiros, mas apenas para determinados itens, como a taxa de franquia. Agora, mesmo que o franqueado consiga uma boa linha de crédito, é importante seguir duas regras, para não acabar com o negócio, antes mesmo dele começar. Em primeiro lugar, nunca se deve financiar mais da metade do investimento inicial e, em segundo, é proibido comprometer mais de um terço do faturamento para pagar empréstimos. A vida de empresário já é cheia de trabalho para ter de se preocupar com o gerente do banco.