25/07/2012 - 21:00
Papéis avulsos
A decisão da Anatel de proibir a venda de chips de celulares pelas operadoras TIM, Oi e Claro em diversos Estados do País deixou o setor de telefonia em polvorosa na bolsa. O maior impacto da decisão anunciada na quarta-feira 18 foi sobre as ações da TIM, que caíram 11,3 % em dois dias, enquanto o Ibovespa subiu 2,7%. A empresa está proibida de atuar em 19 Estados que representam mais de 60% do mercado . “A TIM foi claramente a mais prejudicada”, afirma o chefe de análise da corretora Ativa, Ricardo Corrêa. A agência reguladora chefiada por João Rezende (foto) deu uma demonstração de força, o que muda um pouco o ambiente regulatório para as empresas, segundo Corrêa.
O impacto sobre a Oi, com vendas suspensas em cinco Estados que representam 29% do mercado de telefonia celular, é um pouco menor. Até por isso, as ações da companhia perderam menos: 0,8% até quinta-feira 19. “À exceção do Rio Grande do Sul, não foram afetados grandes mercados da companhia”, afirmou a analista Jacqueline Lison, do banco Fator, em relatório a clientes. Segundo dados divulgados pela Anatel, Oi e TIM vinham até agora ganhando participação de mercado, principalmente da Vivo, a única operadora de celulares do País que não foi punida pela Anatel. Jacqueline, do Fator, acredita que a decisão da agência favorece a Vivo, porque reforça a percepção de qualidade de seus serviços.
Palavra do analista: “A decisão da Anatel foi extrema e deve prejudicar a receita das operadoras no terceiro trimestre. Além disso, as empresas podem sofrer com a lentidão da Anatel, que está em greve”, afirma Jacqueline Lison, analista do banco Fator
Veículos
Localiza perde com IPI menor
A redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre os automóveis provocou queda de 85% do lucro da Localiza no segundo trimestre, para R$ 10,7 milhões. A mudança do IPI depreciou a frota da companhia. Entre o anúncio da medida pelo governo, no dia 22 de maio, e a quinta-feira 19 de julho, os papéis da empresa perderam 3,2%, enquanto o Ibovespa caiu 2,2%.
Touro x Urso
A expectativa em torno de possíveis medidas do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) para estimular a economia dos Estados Unidos deve concentrar as atenções dos investidores nos próximos pregões. O índice Bovespa subiu 3,6% na semana passada até a quinta-feira 19, com a expectativa de continuidade da queda de juros no País.
Quem vai lá
Biosev adia IPO
As incertezas no mercado financeiro levaram a Biosev, unidade brasileira de açúcar e álcool do grupo francês Louis Dreyfus, a adiar a estreia no Novo Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo, marcada para a sexta-feira 20. A empresa já havia feito exposições a investidores em road show no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos. Mas o presidente do conselho da Biosev, Kenneth Geld, optou por cancelar a operação e esperar que o desempenho das bolsas melhore. “Estamos confiantes de que, quando o cenário econômico se restabelecer, haverá boas oportunidades para concretizar nosso IPO”, afirma Geld.
Destaque no pregão
Gol tenta decolar
A Gol anunciou a maior taxa de ocupação de seus aviões para o mês de junho dos últimos cinco anos: 70,5%. O resultado foi puxado pelo bom movimento principalmente nas rotas domésticas. O mercado gostou e os papéis dispararam no pregão da terça-feira 17. Já acumulam alta de 5,4% em julho.
Palavra do analista: João Pedro Brugger, analista da Leme Investimentos, diz que a melhora da ocupação deu alento às ações da companhia, que acumulam grande perda no ano: 25%. Mas Brugger acredita que será muito difícil manter a trajetória de alta daqui para a frente. “As aéreas continuam enfrentando muitas dificuldades com a redução de margem”, afirma.
Educação financeira
No livro O que o dinheiro não compra, o autor Michael Sandel reflete sobre os limites morais do mercado. Ed. Civ. Brasileira, 240 páginas, R$ 29,90.
Quem vem lá
Taesa capta R$ 1,76 bilhão
A transmissora de energia Taesa emitiu 27 milhões de units a R$ 65 numa oferta primária. A empresa receberá R$ 1,755 bilhão, e as ações chegam ao pregão nesta semana.
Mercado em números
Vale
85 milhões - De toneladas de minério de ferro foram produzidas pela companhia no segundo trimestre de 2012. Foi um recorde no período, melhorando o desempenho em relação ao trimestre anterior, quando a produção foi fraca por causa de condições climáticas adversas.
Banco do Brasil
R$ 15 bilhões – Foi quanto o banco estatal desembolsou, no primeiro semestre, nas linhas de capital de giro para micro e pequenas empresas do Estado de São Paulo. Foi 13,6% mais que o desembolso do mesmo período do ano passado.
Aliansce Shopping
R$ 1,35 bilhão - Foram as vendas totais nos shoppings controlados pela companhia no segundo trimestre. O volume foi 12,8% maior que no mesmo período de 2011.
EZTec
R$ 1,2 bilhão - É o que a construtora projeta lançar em projetos neste ano. Até agora, entretanto, a empresa só entregou 25% do total, ou R$ 326 milhões.
Direcional
R$ 75 milhões - É quanto a construtora pretende arrecadar emitindo certificados de recebíveis imobiliários (CRI), com valor unitário de R$ 300 mil. A oferta poderá aumentar em até 35% se houver boa demanda.
Pelo mundo
Injeção de US$ 9 bilhões no Credit Suisse
Para reconquistar a confiança dos investidores, o banco Credit Suisse anunciou, na quarta-feira 18, medidas para reforçar seu capital em US$ 9 bilhões. A instituição emitirá bônus conversíveis, venderá ativos e cortará custos. “As medidas devem acabar com qualquer dúvida levantada sobre a instituição”, disse o CEO do banco, Brady Dougan.
Nova fusão no ar
Os CEOs da US Airways, Doug Parker, e da AMR (controladora da American Airlines), Tom Hornton, reuniram-se, na quinta-feira 19, para discutir uma possível fusão. Ambas as empresas estão em concordata e já estariam negociando com empregados o que mudaria com essa operação.
O lucro surpreendente da IBM
A IBM animou o mercado americano com lucros superiores às expectativas. No segundo trimestre, a companhia americana lucrou US$ 3,9 bilhões, 6% acima de 2011. A surpresa foi a previsão oficial de um lucro por ação em 2012 de US$ 15,10, acima dos estimados US$ 15,06. As ações subiram 4% na quinta-feira 19 e impulsionaram o índice Dow Jones.
Personagem
Paraná Banco – reduz consignado
Com uma carteira de crédito consignado em torno de R$ 1,5 bilhão, o Paraná Banco, que operava exclusivamente com esse produto, agora tenta se aventurar em novas áreas. O gerente de relações com investidores da instituição, Maurício Fanganiello, diz que a estratégia começou a ser traçada bem antes da aquisição das operações do BMG, um dos maiores do segmento, pelo Itaú Unibanco.
Maurício Fanganiello, gerente de RI: ”Estamos aumentando
a carteira de crédito para empresas”.
O que levou o banco a deixar de ser 100% voltado para o consignado?
Os relatórios das agências de rating apontavam os riscos de ficar um produto só e começamos a olhar isso com mais cuidado. Em 2010, contratamos uma consultoria que nos chamou a atenção para o crescimento dos empréstimos para o middle market, ou seja, empresas que faturam entre R$ 20 milhões e R$ 500 milhões por ano. Começamos a apostar mais nesta área e os créditos corporativos já representam 12% da nossa carteira.
A joint venture entre o BMG e o Itaú Unibanco muda algo na estratégia?
Essa transação só reforça a nossa ideia de evitar focar exclusivamente no consignado, mas nossa intenção de diversificar já estava traçada antes desse novo cenário.
A carteira de consignado do banco já está em 85%. Este percentual deve cair mais?
Vamos continuar explorando as oportunidades no mercado de crédito consignado. Vemos que ainda há muito potencial. Mas acreditamos que, percentualmente, a carteira de crédito do middle market vai crescer mais rapidamente. Ou seja, a participação do crédito a empresas vai aumentar, reduzindo a parcela em consignado.
No ano passado, o banco lucrou quase R$ 360 milhões, mas dois terços do resultado vieram de uma transação não operacional que rendeu R$ 250 milhões. Isso significa que o resultado operacional foi ruim?
Não. O resultado operacional caiu cerca de 5%, antes dos impostos. Mas isso aconteceu, entre outras coisas, por alguns ajustes na contabilização da comissão dos correspondentes. É uma mudança que terá impacto cada vez menor nos próximos balanços. Somos conservadores, não fazemos cessão de créditos, por exemplo.
Colaboraram: Patricia Alves e Fernando Teixeira