Os líderes cipriotas gregos e turcos retomaram nesta quarta-feira na Suíça as negociações para tentar terminar com um dos mais antigos conflitos do mundo e reunificar a ilha do Chipre, dividida há mais de 40 anos.

O emissário especial das Nações Unidos para o Chipre, o norueguês Espen Barth Eide, terá a difícil tarefa de conciliar as duas comunidades rivais em vista da criação de um Estado federal.

“Não vai ser fácil e não há garantia de sucesso, mas esta é uma ocasião única, porque após décadas de divisões, é possível encontrar uma solução”, declarou aos jornalistas antes do início das discussões, retomadas após uma interrupção de cinco meses.

A rodada precedente, organizada em janeiro, possibilitou alguns avanços, mas sem qualquer proposta de solução.

O Chipre, de um milhão de habitantes, está dividido desde 1974, quando o exército turco invadiu o norte da ilha em reação a um golpe de Estado de cipriotas-gregos que pretendiam anexar o país à Grécia, o que gerava grande preocupação entre a minoria turco-cipriota.

Desde então, a República do Chipre, admitida na União Europeia em 2004, exerce sua autoridade apenas na parte sul, onde vivem os cipriotas gregos.

Os cipriotas turcos vivem no norte, onde foi autoproclamada a RTCN, reconhecida apenas pela Turquia.

Os capacetes azuis da ONU controlam, por sua vez, a “linha verde”, uma zona tampão desmilitarizada que separa as duas comunidades.

Reunidos em um grande hotel da estação alpina suíça de Crans-Montana, a 1.500 metros de altitude, o presidente cipriota grego, Nicos Anastasiades, e o líder cipriota turco, Mustafa Akinci, começaram este primeiro dia de discussões com uma conferência na presença de chanceleres estrangeiros e representantes dos “garantidores” da segurança da ilha: Turquia, Grécia e Grã-Bretanha, ex-potência colonial.

Anastasiades e Akinci iniciaram em maio de 2015 um frágil diálogo de paz considerado uma verdadeira oportunidade para reunificar a ilha mediterrânea, dividida há mais de 40 anos.

Mas os esforços de paz foram interrompidos bruscamente em fevereiro após uma votação do Parlamento greco-cipriota para que fosse introduzida nas escolas a comemoração de um referendo organizado em 1950 no qual os greco-cipriotas se pronunciaram em massa a favor de sua anexação à Grécia. A minoria de língua turca da ilha sempre se opôs à hipótese de anexação.