O presidente dos Correios, Guilherme Campos Júnior, aproveitou sua participação na abertura de um seminário sobre a nova Lei das Estatais para criticar a situação de gestão dos Correios que ele encontrou desde que assumiu o comando da estatal federal, em junho de 2016. “É uma senhora empresa”, disse Campos Júnior nesta quinta-feira, 26, durante a abertura do seminário do Ministério do Planejamento. “Só não avisaram que a casa estava tão bagunçada”, completou, sem dar mais detalhes. Um dos principais objetivos da nova lei das estatais é combater indicações políticas para o comando das empresas públicas. Guilherme Campos Júnior é uma indicação política e teve a sua nomeação duramente criticada por conta disso. Ex-deputado federal, Guilherme Campos Júnior era presidente interino do PSD quando o presidente Michel Temer decidiu colocá-lo no comando da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), decisão que contrariava as declarações do próprio Temer, que prometia suspender as indicações políticas para a direção de empresas estatais e fundos de pensão até que a nova lei fosse aprovada pelo Congresso. O ato ocorreu depois da declaração do presidente Temer. Segundo o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, a lei traz requisitos muito restritos sobre a indicação dos gestores para as estatais e privilegia a formação técnica. “Os Correios têm acumulado prejuízos vultosos e enfrentam um grande desafio de gestão. Temos colaborado muito fortemente com a gestão atual dos Correios. Eles têm um plano bastante detalhado de ação para reverter esse déficit. Nós estamos dando todo apoio possível para que isso ocorra”, disse. Guilherme Campos Júnior está entre os 443 ex-parlamentares acusados pelo Ministério Público Federal de ter participado do que ficou conhecido como a “farra das passagens” aéreas, denunciada em novembro do ano passado. A lista de ex-parlamentares inclui nomes como o do secretário do Programa de Parcerias de Investimentos do governo Temer (PMDB), Moreira Franco, e o do ex-ministro Ciro Gomes (PDT), acusados de desviar dinheiro da cota de passagens aéreas a que tinham direito quando eram deputados. O caso das farras das passagens veio à tona em 2006, quando foi revelado que um grupo de parlamentares estava repassando para agências de turismo dinheiro das cotas de passagens. O presidente dos Correios participou da abertura do “Seminário sobre a Lei de Responsabilidade das Estatais”, que acontece em Brasília. Participaram do evento o presidente da Caixa Econômica Federal, Gilberto Occhi, o vice-presidente de Gestão Financeira e de Relações com Investidores do Banco do Brasil, Alberto Monteiro de Queiroz Netto, e o secretário de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST/MP), Fernando Antônio Ribeiro Soares.