A americana Melinda Gates, apenas pelo seu sobrenome, teria portas abertas aonde quer que fosse. Mas a mulher do homem mais rico do mundo, Bill Gates, o famoso fundador da Microsoft, está escrevendo sua própria história à frente da Bill & Melinda Gates Foundation, mais conhecida como Fundação Gates. Ela comanda o maior fundo privado dedicado a causas humanitárias em todo o mundo, que recebe doações de dezenas bilionários mundo afora, além de estar doando cerca de US$ 40 bilhões de sua própria fortuna para projetos sociais. “O dinheiro só tem valor se, de alguma forma, puder ajudar alguém a ter dignidade e uma vida melhor”, disse Melinda à DINHEIRO, há um ano. “Todos nós, com ou sem dinheiro, temos a capacidade de melhorar a vida de alguém.”

2016: em outubro do ano passado, Melinda foi capa na DINHEIRO por sua atuação no comando da Fundação Gates

Como manda a etiqueta entre os bilionários do Vale do Silício, Melinda rejeita a rótulo de generosa. Embora os US$ 35,5 bilhões doados pela sua fundação até hoje tenham salvado a vida de mais de cinco milhões de crianças desde 2000, pelos cálculos da Science Progress, Melinda garante que o esforço de combate às desigualdades deve ser incluído ao dia a dia das empresas. “Não se trata de generosidade. Só não podemos aceitar, como seres humanos, que crianças continuem morrendo de diarréia e rotavírus, algo que pode ser curado com um remédio barato em qualquer farmácia dos Estados Unidos”, disse Melinda.

Com essa simplicidade e discurso, Melinda tem convencido multidões. Graças a ela, outros bilionários estão incorporando a filosofia da filantropia e abrindo mão de boa parte da riqueza que acumularam. Buffett, o maior apoiador da Fundação Gates, é o maior exemplo. Ele doou, entre 2006 e 2015, US$ 17,3 bilhões ao fundo capitaneado por Melinda, dinheirama que representa cerca de 30% de sua fortuna. E a lista de bilionários doadores inclui ainda o fundador da Oracle, Larry Ellison, e o criador do Facebook, Mark Zuckerberg e até o brasileiro Elie Horn, dono da construtora Cyrela, que promete doar 60% da sua fortuna estimada em US$ 1 bilhão, fazem parte do chamado The Giving Pledge.

Além da grande capacidade de atrair investimentos para a filantropia, Melinda amplia sua influência política mais a cada dia. Ela aparece com freqüência ao lado de personalidades globais – desde o Papa Francisco e a chanceler alemã Ângela Merkel até o ativista e líder da banda irlandesa U2, Bono Vox. Uma outra frente de atuação o trabalho voltado à capacitação de mulheres e meninas em comunidades carentes ou marcadas pelo machismo. “Qualquer transformação de uma sociedade passa pela mulher”, diz Melinda. “As mulheres são o alicerce das famílias, das comunidades, dos países.”


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