Depois de amargar prejuízo bilionário com a pandemia, o setor de turismo no Brasil segue em crescimento, impulsionado pelo aumento do número de vacinados contra a Covid-19. Dados da Federação Nacional do Comércio apontam faturamento de R$ 15,4 bilhões do setor em março, alta de 43,5% na comparação anual. E quem está de olho no aumento da receita é a MaxMilhas, plataforma de compra de passagens aéreas mais econômicas. Para isso, a empresa ampliou os horizontes com novos produtos – reservas de hotéis e pacotes – para atrair os consumidores. “Em 2022, vamos consolidar os negócios, além de investir em tecnologia para oferecer tarifas mais competitivas”, disse à DINHEIRO o CEO Max Oliveira.

A diversificação do portfólio é prova da confiança de Oliveira na retomada do segmento turístico, impactado em R$ 485 bilhões entre março de 2020 e janeiro de 2022 devido à crise sanitária, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo. As novidades apresentadas pela companhia foram a MaxExperiências, que comercializa pacotes personalizados de viagens para destinos consi­derados inusitados pelo País, e a aquisição da Lance Hotéis, startup que permite ao cliente negociar o valor de diárias de hospedagem em hotéis, pousadas e resorts.

EXTERIOR NA MIRA Com média de 15% a 20% da receita proveniente da comercialização de passagens internacionais, a MaxMilhas prepara produto com foco na retomada do mercado. (Crédito:Divulgação)

A aposta da travel tech no mercado brasileiro tem se mostrado acertada. Em 2021, as operadoras realizaram 7,4 milhões de embarques totais de viajantes, alta de 14,2% em relação a 2019, no período pré-pandêmico. O faturamento alcançou R$ 7,1 bilhões, 77% superior ao de 2020, mas ainda 44% abaixo do computado antes da Covid-19. Isso porque 96% das viagens realizadas no ano passado foram para destinos nacionais e adquiridas antes da crise de saúde. Os dados são da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo, a Braztoa.

Com a reabertura gradual das fronteiras – 50% dos destinos internacionais têm sido atendidos – e o aumento da vacinação, o segmento deve dar importante impulso na receita das operadoras de turismo, inclusive da MaxMilhas, que projeta investimento em passagens para o exterior. A empresa desenvolve novas funcionalidades no produto para deixar o internacional mais fácil de operar na retomada total. “E apenas 15% a 20% do nosso faturamento é com passagens internacionais. Temos espaço enorme para crescer.”

A empresa pegou carona na retomada do turismo e vendeu quase R$ 10 milhões em reservas de hotéis no ano passado. A estimativa para 2022 é que o volume de reservas de hospedagem seja dez vezes maior. Sem divulgar números, a MaxMilhas também prevê dobrar a receita em relação a 2021, superando inclusive os resultados de 2019. “De 2015 a 2019 crescemos em média 134% ao ano. A nossa previsão para o período de 2022 a 2026 é crescer 45% em média ao ano.” Para isso, a empresa está em processo de capitalização para ganhar velocidade nos projetos em desenvolvimento. “Diante da consolidação do mercado, não descartamos aquisições”, disse. Ele destaca, por exemplo, a compra do ViajaNet, agência on-line de turismo, pela argentina Decolar, há poucas semanas.

As perspectivas seguem altas apesar do aumento de 35% do preço médio das passagens nacionais vendidas pela empresa, percentual que chega a 30% para rotas internacionais. Diante do incremento do custo dos bilhetes aéreos, a travel tech constatou maior antecedência dos clientes no planejamento das viagens realizadas entre janeiro e abril deste ano na comparação anual. Em 2021, as viagens compradas com até sete dias de antecedência representavam 25%, número que caiu para 14%. Já as passagens adquiridas entre 30 e 60 dias antes do embarque aumentaram de 17% para 25%, enquanto o volume de tíquetes comprados com dois meses de antecipação subiu de 47% para 53%. Os cinco destinos mais procurados foram São Paulo, Rio, Recife, Salvador e Brasília.