O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou hoje (08) que a principal missão do Congresso hoje é priorizar as reformas propostas pelo governo. Segundo ele, a aprovação das reformas “dará condições e segurança para que o setor privado volte a acreditar no Brasil, a investir e gerar emprego”.

Questionado sobre a falta de consenso dos deputados em torno da reforma previdenciária enviada pelo governo, Maia evitou comentar a divergência entre os partidos e voltou a defender a  proposta. “Nós temos duas alternativas: ou nós fazemos uma reforma que não é dura, uma reforma que vá organizar o sistema previdenciário pro futuro, ou nós chegaremos em um determinado momento, se a reforma não for feita, em que nós teremos que fazer o que Portugal fez”.

Maia explicou que Portugal, para driblar a forte crise econômica, cortou os salários e a aposentadoria de servidores ativos e aumentou os impostos do setor privado. “A reforma proposta pelo governo [brasileiro] não corta salário de servidor, não corta aposentadoria e não aumenta impostos pra sociedade”, defendeu.

Divergências

Pela manhã, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, participou de uma reunião com as bancadas do PSD e PRB para convencer os parlamentares sobre a necessidade da reforma. O ministro foi convidado pelas lideranças para esclarecer alguns pontos da proposta. Segundo o líder do PSD na Câmara, Marcos Montes (PSD-MG), a necessidade da reforma previdenciária é clara para os deputados, mas ainda há muitas divergências em todas as bancadas sobre a forma de implementação da mesma.

Montes disse que a bancada está buscando meios de sugerir e implementar mudanças no texto sem que se altere a “espinha dorsal” da proposta original do governo. “Em todas as bancadas há divergência, não adianta nós escondermos isso, e nós estamos buscando alternativas para que essas divergências sejam as menores possíveis”, declarou Montes.

Oposição

O líder da minoria na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), afirmou que entre os partidos da oposição ficou acordado que a proposta não deve ser votada sem debate e sem passar por todas as etapas previstas no regimento. “Já conversamos com o presidente da Câmara. Não haverá atropelo. Nós vamos seguir rigorosamente o regimento na tramitação dessas matérias, foi uma condição que colocamos”, disse.

Os oposicionistas querem ainda que a Casa retome a discussão de outros projetos e não fique focada apenas nas reformas trabalhista e previdenciária. “Nós queremos debater a reforma política, é fundamental votar a reforma política, sobretudo o sistema eleitoral e o financiamento de campanha, até no mais tardar maio..A Câmara tem que discutir as matérias do governo, mas tem que ter uma agenda própria, porque senão ela perde sua capacidade de diálogo com a sociedade”, defendeu.