A Kroton acredita que seu programa de crédito privado aos alunos tem apresentado indicadores de perda em linha com as expectativas da empresa quando ele foi criado, no segundo semestre de 2015. Em teleconferência com analistas e investidores, o vice-presidente Financeiro da companhia, Frederico Abreu, disse ainda que os indicadores de evasão dos alunos estão conforme o planejado.

Evasão e perda foram citados por Abreu como indicadores que a empresa usa para avaliar suas práticas de provisionamento para inadimplência. A Kroton atualmente provisiona 50% dos recebíveis de alunos que possuem o crédito, chamado de parcelamento estudantil privado (PEP).

O executivo considerou que ainda não é possível saber, porém, como vai ser o comportamento de pagamento dos estudantes após a formatura. Ainda não há alunos com PEP que já tenham se formado.

O parcelamento privado foi criado em 2015 como forma de compensar o impacto da redução da oferta de vagas no financiamento público pelo Fies. A parcela de alunos de graduação presencial na Kroton com financiamento pelo Fies chegou a 46,4% no quarto trimestre de 2016 ante um patamar de 54,4% em 2015. São 191,4 mil alunos no programa federal. Ao mesmo tempo, a companhia registrou até o final do ano passado 43,5 mil alunos no PEP.

Abreu afirmou ainda que, no primeiro semestre de 2017, a companhia pode ter entre 35% e 40% dos alunos calouros entrando por meio do PEP. O porcentual neste semestre está um pouco acima da média que a Kroton espera no longo prazo, de até 35%.

Enade

O presidente da Kroton, Rodrigo Galindo, minimizou preocupações de analistas quanto aos resultados apresentados pelas instituições de ensino do grupo no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), que mede o rendimento de alunos nos cursos de graduação no Brasil. O executivo também participou de teleconferência com analistas e investidores.

Galindo mencionou outros indicadores para defender que o resultado do Enade piorou, mas que a Kroton contribuiu mais do que no passado para a melhoria do desempenho acadêmico dos alunos. A empresa, segundo ele, matriculou “alunos menos qualificados e com (nota do) Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) menor” desde o último ciclo de avaliação pelo Ministério da Educação.

O Ministério da Educação divulgou este mês o resultado do Enade de 2015. Analistas chamaram atenção para o fato de que a Kroton teve uma piora em suas avaliações na comparação com o último ciclo em que os mesmos cursos foram avaliados, em 2012.

Galindo mencionou o Indicador de Diferença dentre os Desempenhos (IDD), que inclui o perfil socioeconômico do estudante e a nota do Enem, exame anterior à chegada do estudante à faculdade, para avaliar se houve uma contribuição positiva do curso superior na formação. O IDD médio na Kroton, disse Galindo, saiu de 70% em 2012 para 81% em 2015.

O executivo argumentou ainda que os resultados da Kroton no Enade podem melhorar pela frente em razão da implementação, na companhia, de um novo modelo acadêmico, chamado de KLS 2.0. “Estamos confiantes de que o KLS 2.0 agrega qualidade”, disse, acrescentando que a companhia melhorou seus materiais didáticos no novo modelo.